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A Superintendência Regional de Ensino de Muriaé (SER Muriaé), em parceria com o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE MG), realizou, na última sexta (18), o 2º Fórum Regional Africanidades nas Escolas, evento que aconteceu durante todo o dia, no Salão Nobre do Centro Universitário – UNIFAMINAS (também parceiro), e fez parte do 3º Fórum Permanente de Educação e

Diversidade Étnico-Racial de Minas Gerais. O objetivo foi debater e avaliar os avanços da Lei Federal 10.639/03, que defende um recorte étnico-racial no currículo, através da valorização da história e cultura afro-brasileiras, estimulando ações promotoras da igualdade racial nas escolas, bem como conhecer experiências exitosas desenvolvidas nas instituições de ensino de Muriaé e região. Marcaram presença, na ocasião, pesquisadores, professores, gestores, acadêmicos e representantes do Movimento Negro Regional.

Aparecida Nonato Nunes é formada em Letras pela PUC Minas, gestora cultural, arte educadora, artista plástica em Africanidade, participou como orientadora do FEBRAT em 2014, é professora de Língua Portuguesa, Artes, Filosofia, Sociologia, Francês, entre outras 7 matérias, é de Belo Horizonte MG, atua na Rede Estadual e também pertence ao Fórum Permanente de Distúrbios Éticos Raciais, uma militante negra, de gênero, feminista e divulgadora de práticas educacionais para contribuir com os professores. Em sua palestra ‘Relatos de Práticas Educacionais’, ela falou um pouco como proceder as práticas, porque para desenvolver uma lei não é tão fácil, são encontrados alguns embates e obstáculos que precisam ser ultrapassados. “Mostrei como enfrentei para conseguir desenvolver essas práticas por seis anos, desde 2010. A consciência é feita no dia-a-dia e acredito que as pessoas presentes puderam levar para casa práticas educacionais, que não começam dia 20 de novembro, mas sim em fevereiro e até dezembro, o que torna muito mais eficaz. São conceitos muito importantes e, principalmente, gostaria que eles levassem o desejo de contribuir para combater a não-consciência, porque a consciência é uma identidade”, explica.

O advogado José Arimathéa Campos Gomes é Pós-Graduado em Direito do Estado e Direito Constitucional pela PUC RJ e UFMG, ex Procurador Geral do Município de Vitória ES, consultor jurídico, com vasta experiência no Magistério Superior – UFES PUC RJ, procurador da Assembléia do Estado do Espírito Santo e assessor jurídico da presidência, palestrou sobre, ‘Diversidade Racial na educação escolar: marcos legais e intervenções pedagógicas’, falando sobre essa necessidade na atividade escolar para criarmos uma sociedade onde exista o respeito e ética racial, porque no Brasil ainda é um problema que precisa ser resolvido. “Nosso país ainda é muito racista e vivemos sobre o famoso ‘Mito da Democracia’. Tive a oportunidade de debater as estratégias que os professores podem adotar para combater a discriminação racial. Existe uma diferença entre preconceito e discriminação, você pode me odiar como negro, eu posso odiar qualquer um, mas isso não importa, se isso é apenas um elemento do meu pensamento, do meu intelecto. No instante que a pessoa pratica o ato de restrição de direitos, ela já está discriminando. Há uma diferença grande e o racismo brasileiro é oculto”, analisa.

Geraldo André Ribeiro Matola, diretor da Escola Estadual Tomás Aquino Pereira, de Barão do Monte Alto, relatou sua experiência. Segundo ele, na escola que trabalha, este é um tema muito discutido o ano todo, através de projetos de sala de aula. “Fazemos também o Dia da Consciência Negra, com várias apresentações. Barão, por ser uma cidade pequena, tem muitas raízes negras, como o Mineiro Pau, uma dança passada de pai para filho, que está enraizada em nossa cultura. Temos também outros tipos de danças e raízes negras que aproveitamos para trabalhar na escola, justamente para não deixar essa cultura morrer. E temos as questões polêmicas, que são discutidas, sobre a discriminação, racismo, tudo através de debates”, completa.

Segundo Sandra Lúcia Couto Bittencourt de Muriaé, diretora estadual do Sind- UTE e professora da Escola Estadual Maria Antônio Muglia, onde tivermos o povo brasileiro correndo atrás de uma melhoria para o país, o Sind-UTE estará ajudando. “Estamos desenvolvendo nosso papel, que sabemos bem qual é. Todos os preconceitos que existirem, nós estaremos contra. Trabalhar esse tema nas escolas é muito importante. Temos que trabalhar a questão da Africanidade no país, porque nosso país é negro e para nós é uma honra fazermos essa parceria”, completa.

De acordo com o superintendente regional de Ensino, Sandro Carrizo, a proposta do fórum é discutir a temática da Africanidade nas escolas, como forma de combater o preconceito, a discriminação racial e colocar os negros como elementos extremamente importantes na construção da identidade cultural brasileira. Para ele, a escola tem um papel fundamental na formação dessa consciência, então o papel dos educadores é discutir a temática do povo negro, participando e pautando o debate na troca de experiências exitosas, em que alguns professores e diretores puderam expor suas práticas nas escolas, proporcionando uma formação, uma ideia e noções de como isso está sendo trabalhado fora daqui também, em outros estados. “Pudemos trocar essa experiência e tivemos a presença dos gestores de nossas 38 escolas, especialistas da Educação Básica, professores de outras escolas e alunos. É importante todos segmentos da educação estarem presentes, porque este realmente é um marco para o tema. Tivemos apresentações culturais, como a do Mineiro Pau, de Barão do Monte Alto, então queremos agradecer as fortes parcerias educacionais que tivemos, os gestores e os palestrantes, que aceitaram de prontidão nosso convite”, completa.

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