O Teatro Gregório de Mattos Guerra sediou, na noite de sábado, 20 de novembro, a palestra “Memórias, cultura e saber ancestral: um diálogo com a literatura guineense”, ministrada pelo escritor Eliseu Banori, que ocupa o cargo de assessor na Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. Com uma apresentação do Coletivo Preta Sou, “Representatividade negra e seu legado”, o evento integrou a programação da Fundarte para a Semana da Consciência Negra de 16 a 20/11 e contou com uma sessão de autógrafos do livro, A história que minha mãe não me contou e outras histórias da Guiné- Bissau (Nandyala Editora), com a presença de autoridades, como o Vice-Prefeito Marcos Guarino, a Secretária Adjunta da Fundarte, Vanderléia Castro, entre outras. Vale frisar que se tratou de uma palestra inédita na cidade, uma vez que essa foi a primeira passagem de um escritor africano por Muriaé, e ainda do porte de Eliseu Banori
Em entrevista ao Jornal Folha do Sudeste, o coordenador de Centros Culturais da Fundarte, Elielson Rodrigues, falou sobre a importância da abordagem desta temática para o reconhecimento da historicidade do povo negro. “Ficamos muito felizes de, no Dia da Consciência Negra, trazer o escritor Eliseu Banori para reafirmar a força e a resistência do povo negro, falar de cultura, tradição, oralidade e mostrar a potência da literatura afro-brasileira. Acho que a simplicidade que ele traz do povo africano faz com que nós nos aproximemos da nossa ancestralidade, e isso gera uma identificação. Essa história contada pela via oral nos religa às nossas raízes”, contou. Ele também demonstrou sua gratidão pela consolidação desta oportunidade cedida pela Prefeitura de Muriaé. “Essa gestão tem possibilitado este espaço e viabilizado este olhar para diferentes tipos de cultura e literatura. Assim, podemos ocupar os espaços culturais com outros tipos de artes, que não as hegemônicas das tradições europeias”, finalizou.
Sobre o escritor:
Eliseu Banori, nome literário de Eliseu José Pereira Ié, nasceu no chão de Pepel Varela, um dos bairros de Bissau, Capital de Guiné-Bissau. Especialista e Mestre em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pesquisou a história de formação da Literatura Guineense. Iniciou sua carreira literária com produção poética, seguida de textos narrativos e ensaios acadêmicos. Desde tenra idade, revelou apurado talento e gosto pela escrita. Hoje, ainda bastante jovem, já tem um percurso considerável no mundo da literatura, com sete livros publicados: O Rei Imbatível: caminhos árduos do Juju (Biografia do músico Justino Delgado, 2019); Cantar do Galo (contos, 2017); As almas em agonia (romance, 2015); Memórias fascinantes: relatos que traduzem o silêncio (ensaio, 2014); O vento ainda sopra (poesia, 2012) e Em busca de espaço verde (poesia, 2011).
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