A pressão popular em torno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa extinguir a escala de trabalho 6×1 tem mostrado efeitos no Legislativo. Nas primeiras horas desta segunda-feira (11/11), o número de parlamentares que assinaram a proposta aumentou de 71 para 100.
A mobilização pelo fim da escala 6×1 ganhou força nas redes sociais após a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) apresentar a PEC na Câmara dos Deputados. Erika tem usado as redes sociais para incentivar outros deputados a apoiarem a proposta, que precisa de 171 assinaturas para ser formalmente apresentada.
A proposta é uma iniciativa do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), liderado pelo vereador eleito Rick Azevedo (PSOL-RJ), que já obteve 1,3 milhão de assinaturas em uma petição online em defesa da medida.
O que a PEC defende?
A PEC busca alterar o trecho da Constituição que atualmente limita a jornada de trabalho a oito horas diárias e 44 horas semanais, para permitir novas formas de distribuição do expediente, como a escala 4×3, proposta pelo VAT.
O texto também pretende modificar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que atualmente estabelece um dia como o período mínimo de descanso para o trabalhador.
Os impactos da escala 6×1 à saúde do trabalhador
De acordo com a Neuropsicóloga Dra. Karliny U., o excesso de trabalho sem o período de descanso ideal para se recuperar e ter momentos de lazer aumenta-se o risco de desenvolver problemas de saúde física e mental.
“Trabalhar demais, sem tempo suficiente para descansar e aproveitar momentos de lazer, aumenta muito o risco de problemas de saúde mental, como burnout, ansiedade e estresse contínuo. O burnout, por exemplo, causa uma exaustão profunda, falta de concentração e desânimo”.
“A ansiedade pode trazer insônia, irritação e uma sensação constante de inquietação. O estresse crônico afeta o humor, causa dores de cabeça e até problemas no estômago. Esses sintomas acabam pesando no dia a dia, prejudicando a saúde e a qualidade de vida”, explica a Dra. Karliny U.
O fim da escala pode afetar empresas?
Uma das principais críticas à proposta é que ela geraria a necessidade das empresas de contratarem mais profissionais para cobrir os dias de folga e que isso poderia prejudicar a estabilidade das empresas, afetando também a oferta de trabalhos e salários.
De acordo com a empresária brasileira de destaque nos Estados Unidos, Sophia Utnick-Brennan, tudo depende da forma como ficará o texto final da PEC e que mais tempo de trabalho não é sinônimo de produtividade.
“É especulação por enquanto, não sabemos como ficará o texto final e nem como as escalas poderão ficar organizadas, por isso, não é possível medir os reais impactos nas atividades das empresas, quantos funcionários a mais serão necessários, se serão contratos temporários, etc.”.
“Além disso, todos devem considerar que é preciso haver um equilíbrio, uma escala muito curta pode ser insuficiente para as atividades de alguns tipos de negócios e gerar custos extras, já uma escala muito exaustiva acaba, na verdade, reduzindo a produtividade do colaborador, nesse caso, depende muito do tipo de atividade, demanda, salário e produtividade, tudo deve ser colocado na balança”, afirma Sophia Utnick Brennan.
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