CAMINHOS DA PSIQUE

Câncer: sentimentos e desafios.

Câncer é a designação dada pela maioria da população a uma massa tumoral, que são as neoplasias malignas. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer pode ser causado pela interação de fatores externos e internos ao organismo. As causas externas estão ligadas ao meio ambiente e aos modos de vida do indivíduo, como o tabagismo, a exposição excessiva ao sol e até alguns componentes nos alimentos que ingerimos, entre outros. Os fatores internos são geneticamente pré-determinados e estão relacionados ao modo como o organismo se defende das agressões externas (INCA, 2014). O câncer no Brasil se tornou um problema de saúde pública, fazendo-se necessária a realização de ações que visem a prevenção e o enfrentamento da doença, em todos os níveis de assistência, pois, a pessoa diagnosticada necessita de um apoio multiprofissional.

Receber um diagnóstico de câncer pode ser muito doloroso; para algumas pessoas, significa o mesmo que dizer que sua vida teve fim; para outras, significa o início de uma luta, um desafio, em que elas acreditam que sairão vencedoras. As doenças crônicas como o câncer podem desencadear consequências psíquicas para a pessoa, como a fraqueza do ego (diminuição dos investimentos), dependência do meio social, regressão (redução dos interesses), o egocentrismo (pensa que só ele tem a doença, não imaginando que outras pessoas também estão doentes) e projeção. Podem ainda passar pelas fases de negação, revolta, apatia e aceitação, que podem dificultar o tratamento (Caixeta 2005). Além disso, os portadores da doença frequentemente experienciam diversos sentimentos durante o tratamento, as recidivas e com relação à alta médica. Na literatura citam-se sentimentos de isolamento, depressão, aflição, tensão, perda, baixa autoestima, dor e ansiedade decorrentes da internação, da própria neoplasia e da não familiaridade com o ambiente hospitalar (BAILEY, 1984).
Diante de todos esses sentimentos, desta carga emocional devido ao câncer, um fator que pode ajudar a pessoa diagnosticada é o apoio familiar, é ter uma rede de pessoas que se importam com elas, que estão ali para compartilhar cada momento vivenciado com o aparecimento da doença, com união e cooperação entre paciente e familiares, onde é oferecido a ele atenção, dedicação e carinho. Estudos também têm mostrado que a religiosidade é uma importante estratégia de enfrentamento adotada pelos pacientes, contribuindo para uma postura ativa do paciente diante de seu tratamento, para um suporte social e emocional, proporcionando melhorias na qualidade de vida, na saúde mental, diminuição do estresse e cooperatividade com todos os envolvidos no tratamento. No tratamento das neoplasias, o psicólogo atua como facilitador na identificação dos aspectos emocionais dos pacientes, como medos, expectativas diante do tratamento e da possibilidade de recuperação, no desenvolvimento de intervenções que contemplem as necessidades dos cuidadores dos pacientes frente ao impacto emocional gerado pela doença e às perdas; motiva a adesão ao tratamento, além de oferecer ao paciente escuta, possibilitando a explicitação do sofrimento, uma maior implicação com seu tratamento e um acolhimento para a família. Você que está passando por este momento de adoecimento pelo câncer, não deixe de enfrentar. Procure ajuda, fale aos familiares, procure um psicólogo em seu PSF ou na própria instituição onde você se trata. O importante é nunca deixar de lutar!