EDITORIAL

Editorial 857

Qual o papel da população no combate a dengue?

A Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Muriaé divulgou, no início de maio, um texto dando conta que subiu o número de pessoas infectadas pelo mosquito da dengue na. De acordo com a Secretaria de Saúde do município, só no mês de abril foram registrados 178 casos, 20 a mais que nos meses de janeiro a março deste ano. Alguns bairros como o Porto, São Cristóvão, São Pedro, Primavera, São Francisco e Cardoso de Melo apresentaram maiores índices de infestação.

Por toda a cidade pipocam mutirões de limpeza, agentes de endemias se desdobram para verificar locais de onde o mosquito pode se reproduzir e eliminá-los de vez. A SMS informa que nas residências visitadas, em 90%, ao menos uma pessoa já apresentou sintomas da doença, ou foi encontrada água parada. Campanhas de conscientização são intensificadas nas escolas. A população recebe constantes alertas. Os carros fumacê percorrem insistentemente diversas regiões. Mas por que o problema persiste? O que é necessário fazer?

Dia 29 de maio o governo do estado divulgou um repasse de verbas  para Muriaé e  mais 13 municípios da região num total de R$560 mil para prevenção da Dengue. Cada município recebe valor proporcional ao número de habitantes e relativo a outros cálculos pertinentes. Mas é necessário mais que isso. O poder público sozinho não dá conta, é preciso que as pessoas tomem consciência do problema porque a dengue mata. E isso não é novidade.

Não leva mais que dez minutos fazer uma revisão diária na casa para verificar se não há focos de dengue. É simples, água parada e limpa serve de criadouro para o mosquito. Quando não tem água a larva sobrevive até 30 dias na seca e quando se molha, o mosquito surge. Alguns locais de difícil acesso, como lajes e telhados podem ser verificados com a ajuda de amigos. Terrenos vagos precisam ser denunciados. O Aedes aegypti também transmite, além da dengue, zika e chikungunya.

Então é o momento da população se unir e cada um fazer a sua parte. Prevenir é a melhor forma de evitar a dengue, zika e chikungunya. A maior parte dos focos do mosquito está nos domicílios, assim as medidas preventivas envolvem o nosso quintal e também os dos vizinhos. Sites e blogs estão a disposição com inúmeras dicas sobre como combater os focos do mosquito, é só acessar, ou ficar de olho nos panfletos distribuídos pelos agentes de endemias.

Os mínimos detalhes devem ser verificados, desde o coletor de água da geladeira e do ar-condicionado até o caco de vidros nos muros e um reboco solto na parede. Eles podem servir de criadouro para o mosquito. Vamos nos prevenir e ajudar a combater esse mal. O papel da população se informando e agindo é o mais importante para livrar a todos do mosquito.

Editorial 856

A vitória da ignorância sobre a ciência

A Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais notificou um caso de Sarampo em Leopoldina, município a 60 quilômetros de Muriaé. A Zona Mata registrou a terceira morte por Influenza A em 2019. Os brasileiros assistiram tristemente o Brasil perder o certificado de país livre do sarampo. Até o fechamento desta edição os números assustavam, mais de 85 casos confirmados da doença. Em 2018 ocorreram surtos em 11 estados com 10 mil 326 casos confirmados.

De acordo com fontes do Ministério da Saúde, o problema ocorre pela baixa de imunização, ou seja, cada vez mais, um número menor de pessoas tem se vacinado ou procurado a defesa para as crianças sob sua tutela. Em 2017 foi registrado o menor índice de imunização nos últimos 15 anos, 76%. E não é por falta de oferta, nem pelos valores altíssimos cobrados pelas doses. A vacinação no país é gratuita e pode ser facilmente encontrada nos postos de saúde. E mais, agentes de endemias vão até as residências em locais mais afastados oferecer o serviço. Tudo isso sem cobrar um centavo.

Mas infelizmente se alastrou pelo país um movimento antivacina. Os defensores da prática da não vacinação afirmam que elas podem provocar as doenças para as quais deveriam ser a barreira. Infectologistas de todo o mundo e brasileiros também se unem para desmentir cientificamente a premissa, mas há quem resista. O resultado já pode ser visto. A SBIM – Sociedade Brasileira de Imunizações, alerta que, além do sarampo, doenças já erradicadas no Brasil podem voltar a circular caso a cobertura vacinal, sobretudo entre crianças, não aumente. O órgão informa que a meta para taxa de imunização deve ser de 95% do público alvo.

A lista de enfermidades que podem retornar é preocupante. Entre elas está a poliomielite, conhecida como paralisia infantil, rubéola, doença que pode atingir o feto ou recém-nascido e acarretar inúmeras complicações inclusive abortos, surdez, malformações cardíacas e lesões oculares nos bebês e a difteria.

Esse temor poderia estar longe da população brasileira, se não fosse a imensa onda de não vacinações que assola todo o país. O Programa Nacional de Imunizações do Brasil é um dos maiores do mundo, ofertando 45 diferentes imunobiológicos. As vacinas são seguras e estimulam o sistema imunológico a proteger a pessoa contra doenças transmissíveis. São ao todo 36 mil salas de vacinação localizadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o país. As informações são do Ministério da Saúde. Mas muitos se recusam a receber a imunização.

E pior, muitos pais e mães não permitem a vacina nos filhos expondo as crianças a riscos desnecessários. É praticamente como estimular um bebê que acabou de aprender a andar a atravessar uma avenida movimentada, sozinho. Não podemos deixar a ignorância vencer a ciência, a razão. Receber a imunização é um ato de amor que deve ser praticado em benefício próprio e dos tutelados.

Editorial 855

Sobre relacionamentos

Dia 12 de junho é comemorado o Dia dos Namorados. Data, em alguns países chamada Dia de São Valentim, tem o objetivo de celebrar a união amorosa entre casais, namorados e afins, em alguns lugares é o dia de demonstrar afeição entre amigos. É comum a troca de presentes e cartões e algumas surpresas. Mas o tudo isso significa? E os relacionamentos, como ficam? Será que existe, realmente a metade da laranja? Em meio a tantos ditados e conceitos por vezes equivocados, e alguns deles, por que não dizer, piegas, necessário atentar para o que se faz real.

Será que alguém consegue ser feliz necessitando ser complementado ou complementada por outra pessoa? Natural que o encontro entre um casal seja uma troca, mas cada um possui características únicas e integrais, não cacos ou peças de quebra cabeças que precisam se encaixar. Relacionamentos são encontro de almas, deve haver doação, compartilhamento, quando duas pessoas decidem caminhar juntas, se complementam, não se completam.

Muitas pesquisas já foram desenvolvidas na área da afetividade entre casais. Mas todas são unânimes em afirmar que a empatia, ou seja, capacidade de ser colocar no lugar do outro é uma receita infalível para manter a estabilidade e a longevidade de um relacionamento. Claro, se for uma convivência dita normal e longe de abusos, sejam eles de qualquer mote, inclusive infidelidade.

Elas informam também que um relacionamento só é bom quando permite que a qualidade de vida dos cônjuges seja adequada e boa, ciúmes, raiva, mal humor e rancor podem atrapalhar até mesmo as relações de trabalho ou familiares de um e outro. Então olhos bem abertos, se a saúde mental ou emocional está vacilante é preciso repensar o relacionamento verificar as causas e procurar uma boa conversa para tentar acertar a solução. Caso contrário, é melhor seguir a vida em “carreira solo” até que encontre um novo amor. Apaixonar-se por si mesmo é um ótimo começo.

 

Editorial 854

Corrupção

Corrupção. A palavra ficou conhecida há alguns anos desde de que teve início o movimento para derrubar a presidente Dilma então no seu segundo mandato. Foi amplamente utilizada na última campanha eleitoral e continua em voga, na imprensa e nas mídias sociais. Mas o que de fato é a corrupção? Em termos gerais o termo vem do latim corruptus, que significa quebrado em pedaços, o verbo corromper significa “tornar pútrido”, podre.

Na política é utilizada como o uso do poder ou autoridade a fim de conseguir vantagens, ou fazer o mau uso do dinheiro público, obviamente em interesse próprio ou de alguém próximo. Mas, a quebra de confiança, ou apodrecimento da credibilidade não acontece apenas na política assim como também não está restrita a este ou aquele grupo. Ela independe de partido, classe, ou posicionamento ideológico. Não existe um lado ou grupo corruptos por si, nem um lado ou grupo incorruptíveis. Talvez o erro até mesmo para combatê-la resida justamente neste equívoco.

Qualquer pessoa pode tornar-se corrupta, não importando o tamanho do ato ilícito que cometa, desde tirar uma xerox não permitida para fins pessoais no trabalho até desviar milhões. Então o seu combate deve ser constante a começar de cada um. Importante ressaltar que a corrupção moral é a pior delas, um ilícito que está inscrito no seio da sociedade. Ela vem de erros e permissividades cometidos pelos pais e educadores, desde a mais tenra idade, e está entre pobres, ricos, esquerdistas e direitistas.

E pior, é utilizada para justificar corrupções de quem parece simpático a determinado lado, ou situação política. “Ah, mas e o fulano, também agiu assim?” Então, porque um faz ao outro é permitido fazer, e sua escusa é o fato de que um opositor também praticou o ato? Dessa forma não iremos a lugar algum. Vamos pensar e respeitar mais as instituições e os valores.

No âmbito pessoal, devemos fazer uma autocrítica e procurarmos rever aquelas atitudes que precisam ser modificadas. No âmbito da esfera pública devemos apoiar e fortalecer os órgãos de fiscalização e controle, os tribunais de contas, o ministério público, as polícias, o judiciário, para que, com profissionalismo e imparcialidade, possam contribuir para a erradicação de determinadas práticas deletérias.

Vale mais o antigo ditado que diz: “O que é certo é certo, mesmo que ninguém esteja fazendo. E o que é errado é errado, mesmo que todos façam!”

 

Editorial 852

Uma nação carente de consenso

Um assunto que vem tomando conta dos noticiários e das mídias sociais nas últimas semanas é o contingenciamento de recursos para a educação, anunciado pelo Ministério da Educação – MEC. Menos pela providência em si, mais pela forma controversa como foi anunciada: primeiro como retalhação a três universidades federais e estendida para outras, em seguida, depois da grita geral. Apesar de necessário, sob alguns aspectos, o assunto tomou viés ideológico pela forma atravessada como foi comunicado.

A pauta chegou ao noticiário internacional depois das manifestações de quarta-feira, 15 de maio, o Ato Nacional em Defesa da Educação, que mobilizou milhões de pessoas em todos país, em mais de 250 cidades, incluindo todas as capitais. Estudantes de universidades e escolas públicas e particulares aderiram aos protestos que contaram com passeatas e aulas públicas. A declaração inapropriada do presidente, que chamou os manifestantes de “idiotas e imbecis” só fez acirrar os ânimos.

Ele estava em Dallas, nos Estados Unidos, para onde viajou, no mesmo dia do Ato. Depois da fala de Bolsonaro, o Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, mandou um recado. “Educação também é saber ouvir, discutir com respeito e encontrar soluções para os nossos desafios”.

Na mesma data, o Ministro da Educação foi sabatinado pela Assembleia federal em lamentável episódio de acusações e contra acusações com muito bate boca e nenhum consenso. Os fatos levam a uma reflexão: chegamos a um impasse; o país precisa crescer, seguir em frente. As eleições terminaram, a campanha eleitoral acabou, é o momento de união para um Brasil melhor. Necessária tomada de consciência geral.

O país atravessa período difícil em que as disputas ideológicas chegaram a um ponto que, seja lá quem faça seu discurso prevalecer, não há vencedores. Saímos todos derrotados. De um lado aqueles que pela incapacidade de pensar em algo juntos em busca dos interesses maiores da sociedade optam pela intransigência. De outro, os que preferem a truculência, a arrogância, a prepotência, incapazes de sentar e conversar, buscando o diálogo e o crescimento do Brasil e o bem- estar de seus cidadãos.

Alguns estudiosos da ciência política defendem que o melhor líder é aquele capaz de agregar sob um mesmo projeto a maior quantidade de insatisfeitos. A nação carece desta liderança.

 

 

Editorial 851

O Dia que deveria ser todo dia!

Preta, branca, asiática, índia, cabocla, não importa, raça, cor ou etnia. De leite, de fato, adotiva, tia, madrinha, avó, pai, enfim… mãe é mãe. Em meio a alegrias e tristezas, gostos e desgostos elas estão sempre lá. Não importa se apenas deram a vida a alguém e por algum motivo se ausentaram, mas apenas por isso já bastaram e esse alguém só existe em função dessa mulher que optou por deixá-lo vir ao mundo, deu à luz. A essas mulheres devemos respeito, consideração e agradecimento.

Têm aquelas que são mães do coração, optaram por gerar um filho ou filha na alma. São a maioria. E não importa nem sequer o sexo, já que muitos homens assumem esta nobre função. Para estas pessoas não importa o código genético, se os filhos foram gerados em seus ventres ou no mais profundo enlace do espírito. São mães. E não deveriam ter uma data específica para receber homenagens, elas precisavam ser perenes. Não em forma de presentes, muitas vezes bem-vindos, claro, quem não gosta de um mimo! Mas em forma de atitudes diárias de respeito, consideração, auxílio e dedicação.

As pessoas responsáveis pela criação de outros seres humanos sabem distinguir suas emoções e são capazes de perceber e menor alteração de humor no outro. São seres quase sobrenaturais. Desvelados no carinho e afeto e profundo. Não combina com ser mãe, bater, maltratar, matar… Essas são pessoas que ainda não entenderam o verdadeiro significado e a profundidade da missão assumida.

Como lógica o inverso também é inadmissível o matricídio é um crime dos mais torpes. Por isso nos causa estranheza quando uma jovem de classe alta paulista, condenada por matar a mãe e o pai a pauladas. Conseguiu indulto para passar o dia das mães em casa!!! Com quem?! Ironias da legislação…

Sabendo que a maternidade não é nem jardim ou vale de espinhos a Folha do Sudeste termina este editorial lembrando Içami Tiba, autor de “Quem ama, educa” e outros tantos livros “é a mãe que tem que saber que educar não é criar o filho para si, mas prepará-lo para ter autonomia comportamental, independência financeira e cidadania ética”.

Feliz Dia das MÃES! Todos os dias!

 

Editorial 850

Convivência e aceitação religiosa

No dia 21 de abril, quando era celerada a Páscoa dos Católicos, uma série de explosões de bombas contra igrejas e hotéis de luxo no Sri Lanka, matou 290 pessoas e deixou mais de 500 feridas. Os fatos aconteceram em Colombo, Negombo e Batticaloa. Um grupo extremista assumiu a ação como forma de represália à morte de ao menos 49 pessoas, quando um homem entrou atirando em uma mesquita no dia 15 de março, em Christchurch, Nova Zelândia, e mais de 80 pessoas ficaram feridas.

No dia 27 de abril outro ataque a tiros deixa um morto e três feridos, desta vez em uma sinagoga nos Estados Unidos. O fato aconteceu em Poway, na Califórnia. Tanto na Nova Zelândia como nos Estados Unidos os responsáveis foram encontrados e estão presos aguardando julgamento.

No dia seguinte, 28/04, foi a vez da África vivenciar mais um crime de ódio religioso e mais um episódio brutal de intolerância no mundo. Uma igreja protestante em Silgadji, no norte de Burkina Fasso, foi atacada por homens armados teve (deixando) ao menos seis mortos. Os assassinos chegaram em motos e abriram fogo contra os fiéis durante o culto, matando o pastor Pierre Ouedraogo, dois de seus filhos e outras três pessoas. Informações de agências de notícias dão conta que eles fugiram em direção ao Mali, país que faz divisa com Burkina.

Até o fechamento desta edição mais nenhum caso grave de intolerância religiosa chegou aos noticiários. O termo é utilizado para descrever a falta de habilidade, ou vontade de respeitar as diferenças e as crenças de terceiros. É um fato repreensível, mas infelizmente, muito comum na história. Caracteriza-se por diversos fatores que geram constrangimento ao outro. Nos casos mais graves pode gerar perseguições, prisões ilegais, confiscos de bens, destruição de propriedades, espancamentos e mortes. As atitudes normalmente beiram a barbárie.

No Brasil não é diferente. Embora o estado seja laico, uma nação com posição neutra no campo religioso, em 2017 era registrada uma denúncia de intolerância religiosa a cada 15 horas. Os dados, até o final de 2018, eram atualizados pelo Ministério dos Direitos Humanos (MDH), com base nas ligações para o Disque 100.

A Constituição Federal garante o respeito à liberdade religiosa. Mas as agressões a pessoas e locais de culto são uma lamentável constante. As religiões de matriz africana são as mais atingidas, terreiros de umbanda são apedrejados e queimados e seus membros atacados em via pública. Lastimável. Autoridades religiosas de uma e outra denominação se atacam mutuamente, não raro com xingamentos e destruição de imagens, desrespeitando os cultos uns dos outros. Sem contar os prosélitos nas vias públicas ou nas residências, na tentativa de converter pessoas à sua fé. Atitudes desrespeitosas e impensáveis em um país que se diz civilizado.

Vale lembrar que todos os grandes profetas e lideres religiosos que já pisaram na Terra não eram fiéis da religião que professavam. Pregavam o amor, a caridade, o respeito e a tolerância acima de tudo. Não faziam prosélitos e tão pouco tentavam impor a sua fé. Eram exemplo de respeito e amor ao próximo. No caso dos Cristãos a intolerância é ainda mais inadmissível pois se dá entre denominações religiosas. Lamentáveis espetáculos de críticas e falta de compreensão. Jesus não tinha religião, aliás, nasceu Judeu. Não determinou que se fizessem cultos, instituiu sacerdotes ou cobrou dízimos. Necessário pensar a respeito.

E mais, não podemos nos enganar. Todas as vezes que alguém sorri de lado, meio que para si mesmo em função da crença do outro, já é um pouco de intolerância religiosa, e daí para extremismos…

Editorial 849

A fome, as tragédias e a catedral

A ONU divulgou um relatório dando conta de que 24 mil pessoas morreram de fome por dia no mundo em 2018, são aproximadamente 9 milhões por ano! Deste total 8 milhões são crianças. A desnutrição atinge 22% dos menores de cinco anos. Entre as causas principais do crescimento da fome estão variação climática – caracterizada por eventos extremos como calor, frio, seca e chuvas excessivos -, conflitos e estagnação econômica. As informações estão no relatório intitulado: O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018. Ele ainda revela que, em 2017, uma em cada nove pessoas no planeta foi vítima da fome.

Não bastasse a fome, as tragédias ambientais assolam diversas regiões e destroem cidades inteiras. Quado acontecem em países ricos, mesmo afetando menor número de pessoas são alvo de estardalhaço da mídia internacional, quem não se lembra das queimadas das florestas de Portugal e Califórnia nos Estados Unidos, país também assolados por tempestades devastadoras. Pessoas morrem em função destas tragédias ambientais e suas vidas são valorosas. Mas tão valiosas quanto, são as vidas de pessoas que morrem em função de tragédias semelhantes nos países pobres ou paupérrimos, principalmente no continente africano.

A mais recente delas foi a passagem do ciclone Idai em Moçambique, Malawi e Zimbábue. Morreram de imediato 598 pessoas e mais de um milhão foram atingidas. Como um dos maiores centros afetados foi a cidade de Beira, em Moçambique, berço do renomado escritor Mia Couto, o fato ganhou a mídia, mas não chegou aos holofotes, foi divulgado de forma pálida e tímida se compararmos ao tamanho do desastre.

E o que a catedral do título tem com isso? Bem o ciclone formou-se em 4 de março de 2019 e um mês depois os números da tragédia eram assustadores, milhares de pessoas desabrigadas, doentes, vítimas de doenças e mortas pela fome e sede. Até um mês depois do acontecido as doações internacionais eram parcas e a UNICEF lançou um apelo para arrecadar 122 milhões de dólares para apoiar as ações em prol das vítimas. No dia 15 de abril a catedral de Notre Dame, em Paris, capital da França, um dos principais pontos turísticos do mundo bem no centro da Europa, pegou fogo.

Um acontecimento lamentável, um patrimônio da humanidade em chamas, um prejuízo cultural inestimável, sem mortos ou feridos, ainda bem. Até as abelhas foram salvas! O que chamou a atenção, para além da ampla, notória e espalhafatosa divulgação midiática, foi a enxurrada de doações que acalçaram mais de 2,8 milhões de Euros em menos de 48 horas. Não que seja condenável tentar reerguer parte de um patrimônio cultural da humanidade. Isso não se discute, mas existem pessoas morrendo de fome pelo mundo. O contraste faz pensar.

Editorial 848

Solidariedade mais que necessária

A Solidariedade é o substantivo feminino que indica a qualidade de solidário e um sentimento de identificação em relação ao sofrimento dos outros. A definição por si só já é quase um tratado de empatia, mas há quem diga que ela, a solidariedade, remete a uma responsabilidade recíproca, reconhecer a situação delicada de pessoas ou grupo sociais e agir para amenizar o sofrimento. Como sociedade somos todos obrigados uns aos outros.

Não é difícil encontrar bingos, sorteios de prêmios, rifas, almoços, jantares, bazares, lojões, campanhas e uma infinidade de outras ações beneficentes. Necessárias e muito bem-vindas devido ao estado de coisas que vivemos atualmente. Pessoas anônimas que se dispõe a ajudar outras pelo simples prazer de torar melhor a vida de alguém. Parece pouco, mas não é. O bem que fazemos é nosso advogado em qualquer parte do universo, alertava o médium Chico Xavier. Mas é necessário um esforço maior.

Junto ao crescente desemprego e milhares de famílias voltando à condição de extrema pobreza no país, de acordo com alerta do Banco Central (um aumento de 13%, atingindo a 15,3 milhões de pessoas), o Brasil teve o pior desempenho já registrado no World Giving Index, o ranking global de solidariedade. O país saiu da posição de número 75 e foi para o 122º lugar, entre 146 países. A pesquisa é realizada pela CAF – Charities Aid Foundation – com sede no Reino Unido, e representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

Durante um ano, no caso, 2018, eles entrevistaram pessoas para saber, se no mês anterior à consulta, doaram dinheiro para alguma organização da sociedade civil, ajudaram um estranho ou fizeram trabalho voluntário. Os níveis de doação no Brasil caíram. Em 2017 era de 21% e em 2018 14%. O auxílio a desconhecidos é a atitude mais adotada pelos brasileiros e chegou a 43%. Foi a única modalidade que não despencou.

Pois é, doar dinheiro está difícil, mas não impede a busca por novas formas de auxiliar. Ajudar sempre vale a pena! Quem sabe consumir produtos confeccionados, plantados ou criados por pessoas próximas. Um vizinho com horta, uma conhecida que fabrique quitutes, a família que faz ovos de Páscoa. Voltar ao hábito de comprar a lembrança de aniversário da bordadeira do bairro, ou confeccionar uma roupa exclusiva com a costureira da rua de baixo. Assim é possível girar a economia no meio social frequentado e ajudar as pessoas a reorganizarem o orçamento. Isso também é solidariedade.

 

Editorial 846

Inclusão

Recentemente comemoramos, no sentido original da palavra; trazer à lembrança, recordar, memorar, datas alusivas aos direitos das pessoas com síndrome de down e autismo. Isso nos faz lembrar a necessidade do desenvolvimento de políticas públicas de inclusão social para diversos segmentos da população, que por terem condições diferentes da maioria necessitam de aparatos sociais, legais e físicos diferenciados. Não se trata de serem melhores ou piores, apenas diferentes e com necessidades específicas, que fique claro.

No Brasil a discussão é antiga, ainda bem, já que em 1857, dom Pedro II fundou o “Imperial Instituto dos Surdos-mudos”, através da Lei 839. Antes, em 1850, o jovem José Álvares de Azevedo, aos 16 anos e cego de nascença, iniciou uma verdadeira cruzada no país em prol das pessoas cegas. Ele trouxe para o Brasil o método Braile e fundou o Instituto Benjamin Constant, que existe até hoje e transformou-se num centro de referência nacional tendo uma das residências médicas em oftalmologia mais respeitadas do país e oferendo todo tipo de serviços aos deficientes visuais em todos os níveis.

Importante o paralelo porque politicas públicas e inclusão social não dependem apenas do poder publico. Oferecer e promover oportunidades iguais a todos é dever da comunidade em geral. Todo cidadão deve, ou deveria, lutar por este direito. Não apenas exigindo leis, mas cumprindo as regras já estabelecidas, como por exemplo, não estacionar em vagas destinadas a idosos e deficientes. Mas isso é o mínimo.

Empresas, escolas, comércios, indústrias, hospitais e mais uma infinidade de outros estabelecimentos precisam oferecer oportunidades e acesso a bens e serviços que atendam a todos da melhor forma possível, mas respeitando as diferenças e necessidades de cada segmento da sociedade. Isso vale para desde ofertas de empregos até banheiros adequados.

Nos últimos 50 anos o trabalho de inclusão vem se aprimorando e crescendo e cada vez mais são criados mecanismos de adaptação. Mas é preciso mais. É necessário o esclarecimento da população para maior entendimento da situação. Muitos ainda consideram algumas políticas, mimimi ou favorecimento excessivo. Não é. A sociedade precisa sim torna-se um lugar viável para a convivência homogênea de todos. Isto se traduz em saúde social.

Cada um com suas especificidades que não são necessariamente, deficiências. Tratar diferentes como iguais, isso sim é desigualdade.

 

Editorial 846

Políticas públicas e igualdade social

O tema da Campanha da Fraternidade da Igreja Católica deste ano trouxe à baila a necessidade da criação e manutenção de políticas públicas como forma de melhorar a qualidade de vida da população excluída e das minorias. Em recente entrevista divulgada no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – o presidente da entidade, cardeal Sérgio da Rocha, afirmou que o tema relaciona fraternidade e convívio comunitário, já que as políticas públicas fazem parte da ordem e da estabilidade.

Independente de denominações religiosas o tema deveria ser abraçado e discutido por todos os cidadãos e cidadãs que pretendem uma sociedade mais fraterna e menos desigual. É preciso desenvolver a solidariedade, que se amplia em limites bem maiores que os da filantropia, quando assume a dimensão de articulação política. Nossa sociedade vive uma situação de limite, não é mais possível deixar de enxergar os que têm menos, em todos os sentidos, como cidadãos.

Mas aí se impõe a necessidade do conhecimento do que são políticas públicas e refletir sobre elas. Só assim haverá maior compreensão da forma como elas vão atingir a vida cotidiana, quais suas possibilidades de aplicação e as formas de controle dessas políticas. Vale lembrar que políticas públicas são ações e programas desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática direitos previstos na Constituição Federal e em outras leis, que podem também ser estaduais e municiais conforme as necessidades de cada região.

Elas apresentam soluções específicas para determinados problemas sociais e a participação direta da sociedade na elaboração e implementação delas é garantida na Constituição Federal. Então vale á pena procurar saber quais conselhos deliberativos existem na cidade, como trabalham e qual a forma de participar.

Os Conselhos Municipais fazem reuniões e se manifestam para a melhoria da qualidade de programas e serviços oferecidos nas cidades, mas também elegem delegados que participam dos conselhos estaduais e federais. As quatro áreas de atuação são: criança e adolescente; saúde; assistência social e educação, mas vários outros podem ser criados, como da Mulher e do idoso, por exemplo.

Participar e estimular o desenvolvimento das políticas públicas é dever de todos.

 

Editorial 845

Água: Economizar para não faltar

Levantar da cama, ir ao banheiro, lavar rosto, encovar os dentes, tomar um banho bem gostoso. Depois, passar um café e ir fazer outras atividades, quem sabe até ouvir uma música enquanto… lavar roupas. Pois é, e se ao abrir as torneiras, não tivesse água? E se as usinas hidrelétricas parassem de funcionar por causa da seca? Como seria realizar, uma atividade tão rotineira e corriqueira, sem energia e esse bem tão precioso? Essa possibilidade existe e pode acontecer não apenas em regiões historicamente afetadas pela falta do recurso, mas em lugares onde se acreditava que ela nunca faltaria.

Recentes pesquisas publicadas em mídias especializadas mostram que o consumo de água precisa diminuir, do contrário, a escassez será em massa. Sim, a água é um bem renovável, mas esgotável. O Brasil tem 12% de toda a água consumível do planeta e a falta de cuidado com o mineral é notória. Só nos três últimos anos crimes ambientais mataram rios inteiros, prejudicando milhares e comunidades sem que os responsáveis fossem devidamente punidos, ou os prejuízos ressarcidos.

Parte da população mais consciente tenta chamar atenção das autoridades para a seriedade do problema, mas na maioria das vezes, não é ouvida. Outro tanto, simplesmente consome a sem menor cerimônia e, se advertido, apenas reclama e diz que paga sua conta em dia. Triste realidade, mas tão fácil de ser encontrada. Pessoas lavando carros, calçadas, janelas, com esguicho de mangueira ligado e o desperdício “comendo solto” como diziam os mais velhos.

Mas não se enganem os desavisados. Recente relatório publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), afirma categoricamente que ao longo dos próximos anos mais de 3 bilhões de pessoas podem sofrer com a falta de água. E a escassez hídrica é um problema econômico grave, sem água, além da falta de energia elétrica, que praticamente move o mundo moderno, os seres humanos ficam sem comida também, porque é preciso de água para irrigar plantações e alimentar o gado que oferece a carne.

E a demanda não para de crescer, já que a população da Terra pode chegar 8,6 bilhões até 2030. Pois é, você não está sozinho no planeta e nem é o dono dele, então, que tal economizar um pouquinho e pensar nas pessoas que vão chegar depois de você. Não é má ideia.

Editorial 844

Feminicídio e violência doméstica

Em março é comemorado o Dia Internacional da Mulher (8), e as atividades sobre direitos femininos e igualdade de gêneros normalmente seguem por todo o mês. Mesmo com redução do número de mulheres assassinadas em 2018 em todo o país, de acordo com o Altas da Violência, uma pesquisa realizada IPEA Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, os registros de feminicídio cresceram.

Como a Lei 13.104, que caracteriza o crime, é nova, em vigor desde 9 de março de 2015, alguns especialistas acreditam que o maior número de casos pode ser devido ao aumento das notificações pelos agentes da lei, e também mostra mais disposição das vítimas em denunciar, quando em caso de agressão, mas ainda os números assustam.

 O aumento dos casos de crimes de violência doméstica cresceu 727% em Minas Gerais, De acordo com dados divulgados em reportagem do Jornal O Estado de Minas, e assinada por João Henrique do Vale e Luiz Ribeiro. “Entre janeiro e novembro de 2018, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais distribuiu aos juízes 34.379 processos investigatórios de casos semelhantes, mais do que os relativos a crimes de trânsito. Números nunca vistos antes. O aumento foi de 727% em relação aos 4.157 processos de todo o ano passado.”

O Brasil ainda é considerado um dos países mais violentos do mundo para as mulheres. Os dados são do UNODC (Escritório das Nações Unidas para Crime e Drogas), que divulgou, em 2018, os números de uma pesquisa realizada por especialistas onde a taxa de homicídios femininos global foi de 2,3 mortes para cada 100 mil mulheres, em 2017. No Brasil, a taxa é de 4 mulheres mortas para cada grupo de 100 mil mulheres, 74% superior à média mundial.

Vale ressaltar que a grande mídia e a imprensa em geral poderiam fazer mais para, pelo menos, tentar, mudar este quadro lamentável. A divulgação dos crimes deveria sempre vir acompanhada das punições mais severas para os casos. Sim, a legislação prevê penas mais severas para crimes que envolvam “violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher”, inclusive quando o assassinato se dá em função da vítima ser mulher. Mas, ao contrário, o que acontece, na maioria das vezes, é apenas a notificação do crime como mais um fato escatológico que serve apenas para atrair aqueles mais ávidos por este tipo de noticiário.

Editorial 843

 

Dia Internacional da Mulher comemorar ou refletir?

 

Dia 8 de março. Escolhido pela ONU – Organização das Nações Unidas -, em 1975, para comemorar o Dia Internacional da Mulher. O objetivo: lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, independente de divisões nacionais, étnicas, linguísticas, culturais, econômicas ou políticas.  A ideia não era nova nem original e surgiu bem antes, no século XIX, na Europa, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhague, na Dinamarca.  A história é interessante, mas o que, de fato, mudou para as mulheres?

Diz o ditado que mulher precisa trabalhar fora e se esforçar nos respectivos cargos como se não tivessem filhos e criar os filhos como se não tivessem um emprego (isso para as que são mães), e no caso, pesquisas sérias e de fontes confiáveis mostram que elas ainda recebem cerca de 20% a menos que os homens nas mesmas funções. Há ainda os que defendam que deveriam ganhar menos, porque engravidam. A sociedade obriga as mulheres a se submeterem a um ambiente extremamente exigente sob todos os aspectos. Até porque o corpo, a pele, e os cabelos também precisam estar muito bem, para não dizer perfeitos!

 Necessário refletir, e muito, já que há quem diga, mulheres inclusive! Que antes de reivindicar direitos, as mulheres deveriam cumprir seus deveres. Será? Depende dos deveres. Vejamos. De acordo com o Atlas da Violência, no Brasil são registrados 606 casos de estupro, em média, por dia, quase um por minuto. E até o ano de 2005, pasmem, existia na lei brasileira um dispositivo do Código Penal (Lei 11.106) determinando que, se a vítima de violência sexual se casasse com seu agressor, o crime simplesmente deixava de existir. Imaginem quantas moças cumpriram seus deveres, sofrendo e continuando a serem violentadas e até mortas, e o quanto a sociedade não deve as que lutaram pelos seus direitos! Isso apenas para citar um exemplo. Vale lembrar que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), estima, com base em dados de pesquisa feita em 2013, que somente 10% dos casos de violência sexual chegam ao conhecimento da polícia.

Por causa da “desobediência civil e descumprimento dos deveres” em 1827 as mulheres brasileiras foram autorizadas a frequentar a escola, apenas as elementares, antes não podia nem isso. Imagine aquela moça rebelde em casa, tocando o terror, indo para as ruas reivindicar o direito de… ir à escola. Quanta desobediência! Em 1932, as mulheres conquistam o direito de votar. A bióloga Bertha Lutz é a principal articuladora feminista do período, fase é considerada pela história como “feminismo-mal comportado.”

Os exemplos de luta são muitos, uma breve busca nos anais da história ou no Google podem dar um panorama geral da situação. Citaremos mais alguns para fechar o texto e trazer um pouco de luz a quem ainda acha que feminismo é coisa de gente que não tem mais o que fazer e uma ode à vulgaridade. Acredite se quiser! Até 27 de agosto de 1962 a mulher que quisesse trabalhar fora e receber herança precisava da autorização do marido. Nesta data também foi dado à mulher o direito a ter a guarda dos filhos menores em caso de separação. Santa desobediência aos direitos!

Vamos lembrar a Lei Maria da Penha, que surgiu em 2006, e criminalizou a violência doméstica, antes, em briga de marido e mulher não se metia a colher! Em 2015 foi sancionada a Lei do Feminicídio, colocando a morte de mulheres no rol de crimes hediondos e diminuiu a tolerância nesses casos.

Enfim, por causa da luta das feministas pelo direito de TODAS as mulheres, o Brasil avançou muito na área, principalmente a partir da Constituição de 1988 e das políticas públicas dos últimos governos progressistas. Infelizmente, vemos alguns retrocessos e o preconceito avançando em redes sociais. Feministas seriam necessariamente feias, mal cheirosas, cabeludas, mal amadas… O Brasil precisa recolocar as mulheres no lugar de devido respeito creditado a todas. É de direito que ocupem o patamar político, social e cultural que haviam alcançado. Nossa nação precisa das mulheres políticas, lúcidas e atuantes de sempre!

 

Feliz Dia Internacional da Mulher!

 

Editorial  842

Carnaval com responsabilidade

O carnaval começa neste final de semana e embora o Esquenta Muriaé tenha terminado, a folia continua em alguns blocos, distritos e em cidades vizinhas. Muitas pessoas decidem viajar, aproveitando o feriado prolongado. E é justamente nestas ocasiões que a atenção e os cuidados, principalmente no trânsito, devem ser redobrados. O já conhecido bordão “se beber não dirija” deveria tornar-se um mantra para motoristas, principalmente aqueles que acham que apenas uma estrada com caminho curto entre uma cidade e outra não oferece perigo. Sua vida está em risco e a de outras pessoas também.

Todos os anos as Polícias Rodoviárias Federal e Estadual lançam campanhas com dicas para dirigir com segurança, mas ainda assim, os acidentes e tragédias não deixam de acontecer. Muitas mortes acontecem por motivos banais: falta do uso do cinto de segurança, sim, ele é necessário também no banco de trás, inclusive em vans e ônibus; crianças fora da cadeirinha, veículos superlotados, motoristas que falam ao celular ou digitam mensagens enquanto dirigem, ultrapassagens indevidas em locais proibidos e excesso de velocidade, só para citar alguns.

Não custa nada nomear alguém da turma para não beber e conduzir os outros em segurança, mesmo que o trecho seja curto. Fazer uma revisão no veículo antes de pegar a estrada, procurar conhecer o trajeto, organizar as bagagens e ficar atento à segurança dos passageiros pode evitar transtornos. Não dirigir com sono e planejar a viagem com antecedência também é uma boa ideia e se não for um motorista experiente, dirigir com estradas lotadas não é melhor momento para praticar.

Dentro das cidades a atenção deve ser redobrada com pedestres nesta época do ano, já que aumenta o número de pessoas nas ruas e, consequentemente, o risco de atropelamentos. Os responsáveis devem tomar conta das crianças e segurá-las pelo pulso. Motociclistas precisam ficar atentos ao uso dos equipamentos de segurança. Eles evitam ferimentos mais graves e podem salvar vidas em caso de acidentes. Faróis acesos nas estradas mesmo durante o dia facilitam a visualização do veículo por outros motoristas. Todos devem seguir a regra.

 

Boa folia para todos, mas com segurança e responsabilidade sempre!

Editorial 841

Carnaval folia com respeito

O carnaval está chegando e em Muriaé a folia já começou com a festa antecipada. A data é controversa, muitos gostam outros não, e tem a turma que fica indiferente. Com o crescimento das mídias sociais os posicionamentos ficam um pouco mais acirrados, mas tentar impor opiniões não leva a nada. Cada um na sua, aproveitando a festa da melhor maneira, quem quer descansar, maratonar séries ou fazer retiros espirituais, que o faça da melhor maneira e quem pretende aproveitar a folia deve atentar para não invadir o espaço do outro.

Sim, para muitos, infelizmente, o carnaval é tempo de excessos. Há aqueles que não se limitam a sambar e aproveitar a alegria das baterias e pensam que a festa é autorização para abusos.  Não por acaso tantas propagandas chamando atenção para o assunto. Respeito é muito bom e ajuda na diversão. Ficar atento aos limites é uma ótima pedida nesta época.

Nos dias de folia, ruas e salões se enchem de alegria, dá até para esquecer por alguns momentos as tristezas da vida, espantar a solidão, conhecer pessoas novas, tomar uns goles a mais. Tudo certo, se, nesses momentos, algumas pessoas não resolvessem invadir o espaço alheio e desconsiderar os limites, ignorando as regras de boa convivência. Uso exagerado de bebidas alcoólicas podem gerar brigas e confusões, som alto demais é irritante e contra a lei e transformar o espaço público em banheiro é, no mínimo, inadmissível.

Mas o pior dos exageros é a afronta ao corpo de outras pessoas. Atenção: Depois do primeiro NÃO, todo o resto é abuso. Ninguém é obrigado a ficar com ninguém. O ideal é estabelecer limites. Para aqueles que acreditam que o próprio prazer está acima do bem estar coletivo, vale a regra: o seu direito termina quando começa o do outro.

Então, vamos fazer uma festa respeitando as individualidades, mulheres, homens, LGBTI, crianças, idosos e os que não curtem a folia. No carnaval o direito de ir e vir continua a ser de todos.   

 

Editorial 840

A lamentável perda de humanidade

Vivenciamos ultimamente um espetáculo deprimente em que acumulam-se nas mídias sociais inacreditáveis “posts” destilando ódio e rancor por todos os lados. A lamentável perda de humanidade das pessoas diante de tragédias inomináveis, choca e constrange. Já celebraram o óbito de uma ex-primeira-dama e, mais recentemente, almejaram a morte de um presidente e comemoraram o falecimento de um jornalista, desejando que outros também tivessem o mesmo destino. Como se não bastasse, debocharam de um clube onde adolescentes perderam a vida de forma trágica, ignorando a dor de suas famílias. E, ainda, há de se mencionar os inúmeros “posts”, surreais, para dizer o mínimo, sobre a tragédia ambiental de Brumadinho. Este merece um comentário à parte.

Em primeiro lugar minimizar os danos da tragédia em Brumadinho, tratando o fato como incidente ou acidente, em nada favorece a apuração dos fatos e nem contribui para se evitar que outros casos semelhantes aconteçam. Lembremos que este não foi o primeiro. Chama a atenção, também, a total falta de senso de alguns internautas que procuram enaltecer o trabalho de Bombeiros e socorristas (que merecem sim todas as glórias e louvores) desqualificando o trabalho de outros profissionais.

Os ataques a professores, principalmente os de História, Geografia, Sociologia e Filosofia, bem como, a jornalistas, ultrapassa a todos os limites. Na vida em sociedade, dependemos uns dos outros nas mais variadas atividades. Cada um com as suas respectivas profissões. É possível reconhecermos o trabalho que os Bombeiros, Policiais, Militares, Psicólogos, Assistentes Sociais, dentre outros, têm realizado em Brumadinho, com todo o louvor que eles merecem, sem que para isso, precisemos desqualificar outros profissionais.

Quem escolheu ser Bombeiro e socorrista ou outra profissão que o faça agir durante catástrofes, sabe que a qualquer momento poderá ter que atuar nestes tipos de acontecimentos levando socorro às vítimas. É louvável que tenham escolhido essa profissão a mais ainda a forma desprendida e fraterna como vem atuando nas inúmeras vezes que são solicitados. Sem dúvidas, merecem todo nosso respeito e admiração.

Mas, todas as profissões têm sua importância para a sociedade. Sim, professores e jornalistas não trabalham resgatando pessoas, embora muitos, no caso dos jornalistas, estejam lá cobrindo as tragédias e trazendo a público verdades muitas vezes indigestas para alguns setores da sociedade.

Já os professores, são responsáveis sim, por evitar que tragédias como a de Brumadinho e Mariana voltem a acontecer. São eles que incentivam o desenvolvimento do pensamento crítico, a interpretação de texto e da vida como consequência. Desmerecer estes profissionais é apresentar um raciocínio raso, simplório, típico de quem não deu valor às aulas de história, filosofia e sociologia. Não foi capaz de desenvolver o pensamento crítico e de contextualizar os fatos do dia-a-dia.

Será muito difícil, senão impossível, construir uma sociedade mais justa, menos desigual e menos corrupta agindo de forma seletiva, criticando alguns por seus atos ilícitos e relativizando atitudes semelhantes de outros. Numa sociedade como a nossa, com este senso ético pobre e com essa moral tão seletiva não é difícil constatar que ainda temos um longo caminho pela frente.

Editorial 839

Volta às aulas  

A semana em Muriaé e na maior parte das cidades começou com paisagem nova. Alunos de mochilas nas costas prontos para ir à escola. Na segunda-feira foi a vez das particulares, seguidas pelas escolas municipais dois dias depois e das estaduais e IF Sudeste de Minas na quinta-feira.  Para os alunos uma mistura de sentimentos, voltar a estudar, mais responsabilidades, mas também reencontrar amigos, trocar impressões sobre as férias.

 Para professores a volta à rotina e para os pais e mães um misto de preocupação e tranquilidade. Os de primeira viagem com os corações apertados por deixar os pequenos aos cuidados da escola, ainda mais quando a criança se despede e fica numa boa, aí… aquela confusão dentro coração: Quem bom, ele ou ela está numa boa e, nossa, nem ligou por eu ir embora! O importante é saber que tudo é crescimento.

Apesar das emoções e da delícia de voltar às aulas é hora dos responsáveis estarem atentos a algumas orientações sobre lista de materiais escolares, principalmente no ensino privado. Algumas são abusivas. A Lei 12.886/13 prevê o direito de comprar apenas o que o aluno ou aluna vai consumir, individual ou coletivamente.

Alguns itens de uso coletivo como: material de limpeza, papel higiênico, fitas adesivas, material para xérox, algodão, álcool, verniz, papel toalha, clips, grampo, percevejo, barbante, giz, fósforo, pincel para quadro branco, não podem ser exigidos dos responsáveis. Solicitações abusivas e excessivas também estão na mira da lei, papeis em geral tem o limite de uma resma por aluno (um pacote de 500 folhas).

É necessário ficar atento ao que o aluno vai realmente utilizar. De acordo com as Associações de Pais de Alunos das Instituições de Ensino, os cálculos mostram que estes extras representam um acréscimo de 15% a 20% no gasto anual das famílias com a mensalidade escolar.

Os que contratam vans escolares devem ficar atentos. Muitos procuram este transporte para garantir que os filhos cheguem ao colégio sem atraso e voltem para casa com tranquilidade. Mas antes da contratação é preciso verificar se o veículo tem autorização para transportar crianças e adolescentes e ficar atento aos itens de segurança. O artigos de 136 a 139 do Código Nacional de Trânsito Lei 9.503/97, trazem as especificações legais para estes veículos funcionarem, mas os responsáveis devem verificar tudo de perto.

É importante consultar outros pais que já se utilizaram do serviço oferecido. Depois de contratado é bom anotar o nome do motorista, CPF, RG, endereço e telefones. Também é recomendável que os pais entrem no veículo para observar as condições de conforto e segurança. Deve haver um cinto de segurança para cada ocupante e as janelas não podem abrir mais que 10 centímetros. É muito importante observar como o motorista recepciona as crianças. Enfim ter o maior número possível de informações sobre o contratado pode ajudar a evitar muitos problemas.

 

A Folha do Sudeste deseja a todos uma boa volta às aulas!

Editorial 838

Uma tragédia anunciada

Vinte e cinco de janeiro de 2019 entra para o calendário como um dos mais tristes da história do país. O rompimento de uma barragem da Mina do Feijão, da empresa Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte já é considerada a maior tragédia ambiental da América Latina. A lama que destruiu prédios de trabalho da mineradora, casas, vegetação, pousadas e atingiu o Rio Paraopeba afluente do São Francisco, arrasou também vidas, sonhos, esperanças, famílias… Em meio aos desaparecidos e mortos, contabilizados em mais de 300, a maioria funcionários da empresa, foram exterminados animais e vegetação.

Inevitável a comparação entre o acontecimento atual e o desastre de Mariana quando o rompimento da barragem de Fundão em cinco de novembro 2015, deixou 19 mortos e atingiu a Bacia do Rio Doce. Até hoje ninguém foi punido, nem a Samarco controlada pela Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton, nem os 22 responsáveis que respondem a processos na justiça. Em relação à tragédia de Brumadinho, cinco pessoas foram presas suspeitas de responsabilidade, dois engenheiros de uma terceirizada e três funcionários da Vale, que já prometeu eliminar barragens iguais as de Mariana e Brumadinho, consideradas de alto risco.

 Fica a pergunta: se são tão perigosas, e até proibidas em outros países, por que isso não foi feito antes? O país tem apenas 35 fiscais de barragem de mineração. A informação é da Agência Nacional de Mineração, o órgão analisa os laudos de inspeções feitas pelas próprias empresas e faz poucas vistorias in loco. Formato é previsto em lei. De acordo com a mesma agência, no Brasil, existem 780 barragens de rejeitos de mineração como a de Brumadinho (MG).

Importante ressaltar o trabalho das equipes de busca, sobretudo os profissionais dos Bombeiros Militares de Minas Gerais e outros estados brasileiros que estão ajudando.  Eles trabalham mergulhados na lama, compartilhando dores e sofrimento. Acalmando familiares e amigos, dando notícias tristes, mas ainda mantendo acesa a chama ainda que branda da esperança de alguns. A solidariedade de tantos com as vítimas. Centenas de voluntários, profissionais de diversas áreas que se dispuseram a ajudar, espalhando carinho e fraternidades. São verdadeiros heróis.

Mas outro fato estarrece as pessoas, as desventuras morais dentro da catástrofe. As brigas e posts inflamando discussões nas redes sociais. Imagens com deboches, frases irônicas, uma pessoa dizendo que “essas pessoas já estão enterradas, melhor para a família que não precisa ter trabalho!”(onde nós vamos parar com tanto desamor?!!!), fake news de todos os lados, inclusive de pessoas públicas tentando se promover à custa de uma calamidade criminosa. 

Efetivo extra de Policiais Militares foi deslocado para Brumadinho a fim de evitar saques nos imóveis que precisaram ser abandonados. Um casal já foi preso. Enfim, o conjunto da obra, se analisado por todas as facetas, é estarrecedor. Uma tragédia que poderia ter sido evitada, um crime ambiental sem precedentes, a dor de familiares e amigos das vítimas, o mau uso político da situação, o escárnio, a moralidade e a ética seletivas de um povo exposta na vitrine das mídias sociais. Há muito mais o que ser lamentado além da tragédia em si.

              

Editorial 837

2018 está chegando ao fim. Para muitos, um tempo de realizações, mudanças e renovação de esperanças, pessoais, políticas e econômicas. Para outros, decepções, desamores, desemprego. Foi um ano de muitos desastres naturais, no mundo e no Brasil. Milhares de pessoas atingidas por enchentes, furacões, incêndios, vulcões, tsunamis, a natureza estava em fúria! Guerras, refugiados, cenas tristes, lamentáveis. Mais lamentável ainda a falta de solidariedade e egoísmo dos que ainda não se enxergam como irmãos em humanidade. Mas as mazelas também serviram para mostrar que ainda existem pessoas boas e solidárias no mundo.

Em 2018 os brasileiros também viram muitas reviravoltas na economia, uma greve de caminhoneiros que parou o país, quedas e subidas na bolsa de valores, intervenção federal no Rio de Janeiro, ex-presidente preso e indicado ao Noel da Paz, Brasil perdendo (mais uma vez) a Copa do Mundo, desta vez na Rússia, Museu Nacional em chamas, escândalos envolvendo políticos e líderes religiosos e as eleições. Ah, as eleições! Essas foram, para muitos, o estopim de uma guerra. Na família, entre amigos, colegas de trabalho, vizinhos! Mas será que valeu a pena?

Para muitos, sim, valeu, dizem. Foi um momento de revelações, de ideologias escondidas ou mascaradas darem as caras, de um e de outro lado. Do preconceito velado aparecer com todo seu escárnio. A desilusão é uma bela palavra, prova que uma mentira foi descoberta, então agora a ilusão se apagou e chegou a luz. Mas o ano trouxe junto com tantos acontecimentos e turbulências a chamada de atenção de exercer a empatia. A necessidade de entendimento do outro.

Não se perder em meio a tanta mistura de sentimentos e revoltas, nesse turbilhão de acontecimentos deve ser a palavra de ordem. Que o reequilíbrio chegue e junto com o Ano Velho fiquem para trás as tristezas, dissabores, amargores, maledicências, indecências, inimizades, e os momentos de dores.

Que o novo ano que se aproxima seja mais uma oportunidade de refazer o que foi deixado para trás, e que o perdão, a reconciliação a paz e a solidariedade possam se instalar em todos os corações. Que esperanças benditas preencham nossos corações.

A Folha do Sudeste deseja a todos os leitores um FELIZ 2019!!!

Editorial 836

Natal

O Natal se aproxima. O maior advento dos Cristãos que simboliza o nascimento de Jesus. Muitas festas, confraternizações, presentes, encontros, comida e bebida. Árvores, Papai Noel, enfeites, luzes, uma atmosfera mágica e de encantamento. Mas o que realmente significa a comemoração?  É bom saber que a data foi instituída pela Igreja Católica no ano III depois de Cristo, antes, o nascimento do Mestre Maior do planeta era comemorado em datas diversas, pois não se sabia quando ao certo aconteceu.

Independente da data e de todo envolvimento comercial que a rodeia existe o lado familiar. Trocar presentes por presença e colocar na árvore, perdão, carinho, fé, união, respeito e harmonia. Buscar esses valores! O aniversariante nunca demonstrou interesses por bens materiais. Ele apenas exemplificava caridade em todos seus aspectos mais sublimes.

Já que Natal é o nascimento de Jesus ele não aconteceria individualmente para cada pessoa? Os relatos bíblicos são fartos. O Natal de Maria Madalena foi quando Cristo nasceu para ela transformou-se numa de suas discípulas mais dedicadas. O Natal de Zaqueu, o cobrador de impostos, se deu da mesma forma, quando ele decidiu restituir em até três vezes mais tudo que havia tirado dos outros, dando provas de arrependimento e misericórdia.

E para nós? Quando Jesus nasceu ou vai nascer de verdade? Presentear amigos e familiares é uma forma de demonstrar carinho, mas não basta. Fazer filantropia já é um começo. Ajudar em épocas específicas do ano aos que estejam necessitados uma ótima atitude, mas Jesus deixou claro que precisa de mais. Um dos muitos chamados está no Evangelho de Mateus.

“Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me. Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?

E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. (Mateus 25:34-40).

Fazer Jesus dentro de nós deve ser um esforço diário de amor ao próximo.

 

A Folha do Sudeste deseja a todos um Feliz Natal!

 

 

Editorial 835

70 anos de Declaração Universal dos Direitos Humanos

Direito de ir e vir, à vida, à educação, à cultura. Direito a liberdade, igualdade, tolerância, a nascer, viver com dignidade, transitar de um país a outro, repúdio à tortura. Esses e outros tantos direitos estão garantidos num pacto feito entre as nações democráticas do Globo, depois que duas sangrentas guerras mundiais devastaram o planeta, física e emocionalmente. Dia 10 de dezembro a Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 70 anos.

Proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, o texto de importância histórica e política inquestionável norteou parte da Constituição Federal de 1988 e ajudou o Brasil a dar um salto na defesa dos direitos fundamentais. Os avanços foram muitos, Lei Maria da Penha, Lei criminalizando o Racismo e Injúria Racial (que já completou 25 anos), Leis contra homofobia, Estatutos protegendo idosos, crianças e adolescentes, entre tantos outros aparatos de proteção a classes menos favorecidas.  

Graças à aniversariante e aos compromissos dos países que aderiram à Declaração e seus princípios, “a dignidade de milhões de pessoas foi elevada, um sofrimento humano incalculável foi impedido e os fundamentos de um mundo mais justo foram construídos”, conforme texto publicado na página da Unesco.  Há quem desacredite diante de tantos descalabros assistidos mundo afora. Imagens tristes de desoladoras de fome, violência, agressões e intolerância. Mas a humanidade já deu um grande passo, embora ainda um pouco vacilante, talvez, o fato de a Declaração ter resistido por 70 anos, seja testemunho da universalidade de seus valores perenes de igualdade, justiça e dignidade humana.

Nesta data tão importante é necessário refletir sobre o propósito de um documento tão importante, que embora não tenha força de lei deve ser seguido por Estados que se agreguem ao projeto. O envolvimento de todos os segmentos sociais deve permear as observações para o empoderamento dos seres de maneira universal, resguardando as necessidades específicas de cada segmento.  Lembrando sempre, que a solidariedade e a fraternidade se traduzem na defesa dos direitos uns dos outros. A defesa dos direitos que protegem a minorias é a proteção dos direitos de todos.  Toda vez que esses os Direitos Humanos são negligenciados a humanidade como um todo corre riscos!

 

Editorial 834

Intolerância

Vivemos tempos difíceis, as notícias que chegam de todas as partes dão conta de acontecimentos violentos motivados por intolerância. Sim, se estes acontecimentos forem submetidos a uma análise um pouco mais profunda, é possível detectar, na maioria deles a falta de tolerância e compreensão da vida como um pano de fundo para o seu desencadeamento.

Os exemplos são vastos e vão desde a morte de um cachorro a pauladas e veneno pelo segurança de uma grande rede de supermercados (porque dizem que a presença dele incomodava alguns clientes) ao assassinato em massa de pessoas apenas por professarem uma fé diferente daquela dos que são maioria. Ou o apedrejamento de uma menina por estar com vestes de uma religião de raiz africana. O ataque a pai e filho que passeavam abraçados por acreditarem tratar-se de um casal gay. E se fossem? Enfim… milhares de fatos tristes e de lamentáveis consequências.  

Mas afinal, de que se trata a tal da tolerância? É um termo de originário da língua latina que significa “suportar” ou “aceitar”. A tolerância é o ato de agir com condescendência e aceitação perante algo que não se quer ou que não se pode impedir. Portanto, uma atitude fundamental para quem vive em sociedade.

Importante não confundi-la com falta de interesse pelos assuntos que envolvem a comunidade. Isso é omissão. As denúncias de irregularidades, as lutas justas, o envolvimento social devem permear as relações até como forma de garantir uma qualidade de vida digna a todos e todas. Mas não se pode perder de vista a chamada “tolerância social”. Aceitar opiniões ou comportamentos diferentes daqueles estabelecidos pelo meio social garante formas mais pacificas de convivência.

Uma sociedade mais justa e harmônica começa no respeito às escolhas do próximo. Viver em paz deve ser um projeto e uma escolha.

 

 

Editorial 833

Natal: Época de trabalhar a solidariedade

O Natal está se aproximando. É a época do ano em que a solidariedade aflora e, muitas vezes, desperta o desejo de ajudar. Com coração aberto é possível enxergar e se sensibilizar com situações que normalmente não nos tocariam no dia a dia. Então é chegado o momento de perceber o outro. Ofertar presentes que não são apenas materiais. O perdão, a reconciliação com o ente querido que ofendeu ou foi ofendido. Necessário se despir das mágoas e melindres para entender um pouco mais das fraquezas e sensibilidades do outro.

Importante abrir mão das preocupações materialistas, que engolem indivíduos numa rotina perturbadora para olhar ao redor. Em família muitos se lembram do presente, mas a presença… Ah, a presença! Quantas crianças, filhos e filhas repletos de presentes, brinquedos, eletrônicos, jogos, celulares e acessórios caríssimos, aguardando apenas a atenção e o carinho de tutores ocupados demais em manter um padrão de vida a ser almejado pela sociedade.

Oferecer ajuda material a quem precisa e doar o muito que sobra a quem nada tem também é um alerta de Natal. O nascimento do Mestre de Amor nos chama à reflexão. Uma poetisa dizia que um dia será noite em nossos olhos e deixaremos pratos cheios, móveis abarrotados, cofres e enfeites para trás. Por que não dividir em vida?Muitas criaturas sem ter o que vestir enquanto armários estão lotados! Muitos sem ter o que comer, enquanto o desperdício graça em muitas mesas.  As campanhas assistenciais estão por toda parte. Se não é possível ajudar sozinho, basta aderir a uma delas.

Entidades sérias existem e fazem trabalhos maravilhosos necessitando do esforço hercúleo de colaboradores interessados em solucionar os problemas dos aflitos. Grupos assistenciais de todas as filosofias religiosas dedicam-se a diminuir o sofrimento do próximo e lutam para continuar trabalhando em prol dos irmãos em humanidade. Aqui não se trata apenas de bens materiais ou dinheiros, mas de doação de tempo.

Doar com o coração acrescentando amor ao que será doado. Procurar enxergar as reais necessidades de todos nossos irmãos em humanidade todos os dias, não apenas no Natal, este é o melhor presente que podemos oferecer ao Aniversariante.

Todo dia é dia e toda hora é hora! Mas já que estamos no clima de Natal vamos fazer a nossa parte. Tem sempre alguém aguardando o seu carinho e solidariedade.

Editorial 832

Consciência Negra

Criado em 2003 como uma data importante a ser lembrada no calendário escolar – efeméride – O Dia Nacional da Consciência Negra passou a ser celebrado oficialmente no Brasil apenas em 2011, depois da sanção da lei nº 12.519. A data, escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, tronou-se feriado nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro e em mais de mil cidades em todo o país. Mas não é o feriado que importa, é a reflexão proposta pela data, importante em um país onde o racismo estrutural, velado e camuflado grita aos quatro cantos.

De acordo com os dados divulgados pelo IBGE, de pesquisa realizada em 2016, 54,9% da população brasileira se autodeclarou preta ou parda. Na região Norte o número sobe para 79,3%! Por que então, se são maioria, essas pessoas não o são nos principais cargos de chefia da nossa sociedade, nas universidades, nas classes consideradas altas? Onde estão essas pessoas? Necessário refletir sobre a inserção do negro na nossa sociedade. O sistema de cotas incomoda, mas é fruto de uma luta secular em busca de uma igualdade longe de existir e vem para, ao menos tentar, corrigir séculos de injustiças e traumas provocados pela barbárie da escravidão e por uma abolição que pouco ou nada teve de libertadora. A letra do samba de 1988 da Mangueira é clara. “Livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela.”

Ainda bem que temos o movimento negro no Brasil. Que abre os olhos daqueles que dizem que Consciência Negra é mimimi, que deveria existir a consciência humana. Isso só vale para quem não foi escravizado por uma população branca que achava natural todo tipo de açoite e tortura contra outra raça, apenas pela diferença na cor da pele. Onde estava a consciência humana nessa hora? Os negros eram tratados como propriedade privada! Quando o tráfico de escravos foi considerado ilegal, os navios negreiros, que faziam esse transporte, jogavam a carga ao mar, para não serem apreendidos. Essa carga eram pessoas negras! Isso é só um dos exemplos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu primeiro artigo, diz que “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos…”.

O momento pede reflexão e os movimentos sociais, ainda bem, cada vez mais  expressivos, envolvendo grupos negros vem crescendo e se firmando. Eles perpassaram toda a história do Brasil, ilegais até a abolição, com histórico de clandestinidade na ditadura, mas agora são credores do nosso apoio, respeito e compreensão de sua luta. Voltando ao samba da mangueira. “Moço, não se esqueça que o negro também construiu as riquezas do nosso Brasil!”

 

Editorial 831

Segurança

Uma onda de insegurança ameaça as pessoas em todo o país. A violência crescente com assaltos, latrocínios e homicídios, em função do tráfico de drogas, para ficar apenas nestes tipos de crimes – até porque é em função deles, que o medo se estabelece -, obriga a população a mudar seus hábitos. Para se ter uma ideia, de acordo com dados oficiais fornecidos pelos estados, ao Índice Nacional de Homicídios criado pelo G1, ao menos 26.126 pessoas foram assassinadas no primeiro semestre deste ano no Brasil.

Em contra partida, o índice de crimes violentos registrou redução de 15,4% em Muriaé no primeiro semestre de 2018, em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com dados apresentados pela Polícia Militar e divulgados pela Prefeitura.

Mas nesta semana um crime chocou a cidade. Um taxista foi assinado por três jovens durante um assalto. O latrocínio foi resolvido em menos de 24 horas pela Polícia Civil, assim como a morte de uma veterinária, em maio de 2017, também resolvido em poucas horas pela PC e mais uma vez cometido por jovens, desta vez um deles era menor de idade. A agilidade conforta, mas não afasta o medo e a insegurança.

 Os assaltos, roubos de celulares e veículos, principalmente, motocicletas continua sobressaltando e deixando em constante estado de tensão a população. Alguns trechos da cidade, como Avenida JK, Pracinha do Trabalhador – na Barra, Avenida Dante Bruno – no Dornelas, por exemplo, já são locais que assustam.

A impossibilidade de transitar com segurança a pé pela cidade incomoda. Deixar uma criança em idade apropriada ir sozinhas à rua (uma compra na padaria ou na mercearia da esquina) é praticamente inviável. Muitas vezes é necessário lançar mão de veículos, preferencialmente carros, para percorrer pequenas distâncias, em função da insegurança, principalmente em determinados horário. O ônus é grande, gasto desnecessário com combustível, poluição (de pouco em pouco…) e sedentarismo, para ficar nos mais óbvios.

A violência e a insegurança constrangem e tiram da população o direito constitucional de ir e vir. Este ciclo de insegurança só será quebrado com políticas públicas rigorosas e sistematizadas de inclusão social e prevenção à violência, mas é um longo caminho a percorrer.

Editorial edição 830

Empatia

Definida como capacidade de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro, ou capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir como o próximo ou ver de pontos de vista diferentes. A empatia tem andado em falta ultimamente. Na verdade, a palavra só começou a ser mais conhecida de uns tempos pra cá, mas apesar de muito usada em textos, palestras, mensagens e até mesmo na internet, não tem sido colocada em prática. E olha que ela é importante, principalmente nos meios empresarias, onde é a chave para uma boa liderança, tão festejada pelo mundo corporativo.

Mas sincronizar os mundos não tem sido tarefa fácil numa vida corrida e sufocante. Talvez seja o momento de começar a trabalhar a sensibilidade pela realidade do próximo, essencial para a convivência com as diferenças. E na prática, como funciona? Cada vez que uma pessoa para o carro na vaga destinada para idosos e deficientes, mesmo por um minutinho, ou fecha um cruzamento, joga lixo no chão, reclama de pessoas mais velhas andando devagar na sua frente, é agressivo com quem pensa diferente, impede que um colega de classe preste atenção na aula, porque está a fim de conversar, atende mal um cliente – a lista é longa -, não está exercendo a empatia, que pode ser traduzida como tolerância social.

Ser empático não é necessariamente agir ou pensar como o outro, mas se motivar, ajudar – muitas vezes não atrapalhando-, elevar o altruísmo. Ter paciência com as atitudes alheias também pode funcionar. É simples basta seguir na trilha do “não faça ao outro o que não gostaria que fizessem com você”, sem esquecer que o outro pode ter gostos diferentes dos seus.

Alguns especialistas citam hábitos que podem ajudar a desenvolver essa virtude que anda tão em falta: Cultivar a curiosidade sobre o desconhecido; desafiar o preconceito e descobrir pontos em comum; experimentar a vida de outra pessoa; escutar abertamente; desafiar-se; inspirar e ações e por fim, colocar em prática o famoso ditado norte americano “andar com os sapatos dos outros” que significa se colocar no lugar do outro.

 

É gratificante. Vale à pena tentar!

 

 

Editorial edição 829

Vamos torcer pelo Brasil

Os eleitores foram às urnas e as eleições terminaram. Resultados divulgados, festa de um lado e tristeza ou apreensão de outro. Reações naturais depois de um pleito um pouco atípico em função da extrema polarização. Mas é hora de refletir, agora cada um volta para seus afazeres e deixa os confrontos políticos de lado. Necessário recobrar a lucidez, não se pode permanecer com inimizades por causa do pleito. Nossas divergências devem ser políticas e ideológicas, jamais pessoais.

Nada pior que olhar de desdém ou deboche para perdedores ou rancor e desejo de que tudo dê errado para os vencedores. Somos um só Brasil, lutando pelas mesmas causas e no sentido de ajudar a maioria. O presidente governa para todos, assim como os governadores em seus respectivos estados, sempre mirando os interesses de todos. Necessário que nesse momento os partidos desapareçam em prol do bem maior.

Antes de entrarem em contendas e desejar o pior para o país, vale à pena lembrar as palavras de Barak Obama, ex- presidente dos Estados Unidos, quando o Partido Democrata perdeu a última eleição. “Mas assim funcionam as eleições. Essa é a natureza da democracia. Ela é dura. Às vezes, duvidosa e barulhenta. Não é sempre inspiradora. Às vezes você perde um argumento. Às vezes você perde uma eleição. É assim que a política funciona. Nós tentamos convencer as pessoas de que estamos certos. E, então, as pessoas votam.”

Obama ainda deixa o conselho para que todos lutem e honrem a pátria. “O ponto é todos seguirmos em frente com a presunção de boa fé em nosso povo. Porque essa é a presunção de boa-fé. É essencial para uma democracia vibrante e funcional. (…) Porque acima de tudo estamos todos no mesmo time.”

Somos todos Brasil.

 

Editorial edição 828

Os governos são o espelho da sociedade. A frase dita muitas vezes em referência à política não pode ser mais real e atual. Por isso é necessária muita cautela na hora de votar. O voto nulo ou em branco não invalida a eleição, conforme divulgado, muitas em vezes nas famosas fake news, aliás, notícias falsas são muito preocupantes em qualquer momento social, principalmente quando se trata de eleições. Essencial, portanto, desconfiar, e conferir as notícias que chegam, principalmente através de redes sociais e whatsapp.

Uma avalanche de fake news invadiu e tem invadido essas mídias apesar dos esforços de órgãos governamentais para barrá-las. Muitas foram retiradas do ar, mas são como penas espalhadas ao vento, sempre fica alguma prá trás, impossível recolher todas. Por isso a importância da checagem. Diversos sites sérios montaram equipes para verificação e conferência de fatos divulgados como verdades e que parecem suspeitos. Vale a pena sempre dar uma olhada para saber o que é real e o que é falso. As informações estão disponíveis. Não vale a desculpa de que votou nesse ou naquele candidato por desinformação.

Fora isso se faz necessário pesquisar os planos de governo de cada um. Eles estão disponíveis na web e são de fácil acesso. Então uma busca rápida ajuda para que o eleitor consciente pesquise e verifique quais as propostas mais se afinam com seu modo de pensar e ver o mundo. O que esse planos trazem de melhor e pior para a formação de uma sociedade mais justa e coesa com diretos e garantias para todos. Qual proposta atende ao maior número de pessoas, é mais abrangente, não exclui segmentos e visa o bem estar geral. Assim, com pesquisa, dedicação e gastando pouco tempo é possível dar um voto consciente, afinal, queremos uma imagem bonita no espelho!

Dia 28 de outubro está chegando e iremos decidir os rumos do país e do estado. Vale à pena analisar com cuidado as propostas de cada um.  Votar com consciência e decidir o que é melhor para a maioria. E mais importante, independente do resultado das urnas, lutar pela democracia e para que o eleito tenha condições de governar e fazer o seu melhor. Assim ganham todos.

Boa eleição para todos!

 

Editorial edição 827

A importância de se informar bem

Vivemos uma situação muito peculiar no Brasil atual. Em torno de muitas discussões entre concepções e valores sobre pessoas, atitudes, coisas, ações, empresas, religiões… Hoje todos têm opiniões formadas sobre quase tudo. Mas é preciso se questionar como essas opiniões se formam. Normalmente tem o viés familiar, claro, tendemos a pensar conforme orientação do nosso núcleo familiar mais próximo. Depois vem a escola, os amigos, a turma, a faculdade, a igreja. Sim tudo isso contribui para formar a visão de mundo, até a cidade onde moramos, o bairro, enfim…

Mas aí entra outro viés importantíssimo que não pode ser deixado de lado. A informação que chega através da mídia e, agora, das redes sociais. A mídia, em geral, é consenso, não é totalmente imparcial e não será o foco da discussão. Mas e as redes sociais, será que elas não têm filtro? Então. É no bojo dessas discussões que vamos encontrar um termo que vem se tornado comum: “viés de confirmação”. Trata-se da tendência que temos de lembrar, interpretar ou pesquisar informações que confirmem nossas crenças e hipóteses iniciais sobre um tema. Até aí tudo certo, uma pesquisa poderia ser feita num grande portal e retornar com dados que não confirmariam as crenças originais, ou existe a possibilidade do recebimento de posts em redes sociais muito opostos ao pensamento inicial, quem sabe, proporcionando uma mudança de opinião.  Mas não é exatamente assim que funciona.

Já foram criados algoritmos de direcionamento de pesquisa, então quando pesquisamos em rede sobre algum ponto de interesse, esses algoritmos já nos direcionam para textos, imagens, mensagens, fontes, enfim, tudo que reafirma e combina com o que buscamos usualmente, reafirmando a nossa forma de pensar. Isso leva a outro ponto, o viés cognitivo, as pessoas só aceitam e interpretam informações que confirmem sua crença ou hipótese inicial e se fecham para o diferente.

Por isso a importância de ler mais, se informar em diferentes fontes, buscar por livros, quem sabe passear em uma biblioteca, ler jornais impressos, atentar para novas formas de pensamento. Elas existem e estão espalhadas por aí. Dar uma parada, abrir a janela, ver o dia acontecendo também são ótimas opções para espairecer e refazer a casa mental. Vamos tentar buscar formas diversas de opiniões, perspectivas, quem sabe assim, não eliminamos nossas fronteiras e passamos a criar pontes ao invés muros entre os diferentes?

 

Editorial edição 826

Editorial

Por um segundo turno de paz

No dia sete de outubro aconteceram as eleições para deputados federais, estaduais, senadores, governadores e vice-governadores e presidente e vice-presidente da república. Passado o pleito, o Brasil soube que teria segundo turno em alguns estados para governadores e vices e que a eleição presidencial também seria decidida em 28 de outubro. O país, que já estava exaltado, polarizou-se ainda mais diante de duas forças políticas completamente divergentes e antagônicas.

Os ânimos se exaltam e cenas de violência, inclusive com duas mortes já registradas (um capoeirista na Bahia e um homossexual em Curitiba) estão se espalhando. Confronto entre grupos de eleitores de um e outro lado foram contabilizados em diversas cidades. Registre-se aí um dos candidatos atacado a facada durante campanha em Juiz de Fora no primeiro turno, mais que lamentável. Calma pessoal! Atos de violência, vandalismo, ofensas em redes sociais e brigas nada acrescentam a um evento que deveria ser, antes de tudo, a festa da democracia.

A democracia brasileira, esta jovem de 34 anos, que merece sim ser defendida, mas não na base da violência não importa a forma que se apresente. Durante campanhas políticas, utilizam-se muitas estratégias e muitos discursos em busca de voto. Nem sempre essas estratégias são dignas e esses discursos são legítimos. E é nisso que precisamos prestar atenção especial. Necessário se faz estudar atentamente as propostas de cada um para educação, saúde, justiça, diminuição do índice de criminalidade, enfim necessidades básicas que ainda não foram totalmente cobertas pelas políticas públicas atuais, mas que devem seguir em frente a fim de amparar a população. Há uma agenda de propostas que está ficando de fora das discussões e será objeto de medidas logo no início do próximo mandato, independente de quem seja o vencedor: reforma da previdência, revisão da legislação trabalhista… e é preciso saber o que cada candidato pensa a respeito desses assuntos, para depois não ser pego de surpresa.

A discussão deve se dar sob o ponto de vista político, as divergências são saudáveis, precisam existir para que a democracia e se fortaleça, mas devem permanecer no âmbito político, e não pessoal. O respeito à individualidade e a personalidade de cada um são princípios básicos da ética. Sem isso, tudo se torna violência e imposição. Respeito deve ser sempre a palavra-chave. Vamos dar a essa campanha pelo segundo turno ares mais leves e suaves. A campanha vai passar, as vidas ficarão.

Necessário lembrar, nos dizeres do historiado Leandro Karnal, que o país necessita é de mais políticos técnicos, éticos, trabalhadores e menos retóricos e espetaculares e ideológicos, embora não haja política isenta. Eficácia e produtividade é isso que devemos procurar nos programas a fim de nortear nosso voto. E manter a paz sempre, para que assim a Democracia possa ser garantida. Afinal relembrando o estadista britânico nascido no século 19, Winston Churchil: “A democracia é a pior de todas as formas de governo, excetuando-se as demais.”

Vamos lutar por ela, mas uma luta de paz. É possível! Boa campanha.

Editorial edição 825

Eleições

Domingo, sete de outubro, acontece o primeiro turno das eleições 2018. Neste pleito os eleitores votam para presidente e Vice-Presidente da República, Governadores e Vice- Governadores dos estados e Distrito Federal, deputados federais e estaduais e dois terços do Senado Federal. Caso candidatos a presidente e vice e a governadores e vice governadores não consigam 50% dos votos válidos e mais um no primeiro turno, acontece o segundo turno das eleições, dia 28 de outubro. Em função disso é necessário observar dois pontos muito em voga ultimamente: Votos brancos e nulos e o respeito à opinião alheia, pilar da Democracia.

Em função das últimas pesquisas, recentemente divulgadas, tudo indica um segundo turno em Minas Gerais e nas eleições majoritárias. Na disputa apertada e com candidatos com alta rejeição de um e outro lado, muitas pessoas optam pelo voto nulo ou em branco. Elas acreditam que desta forma invalidam as eleições e outras serão convocadas com candidatos diferentes. Isso não é verdade.

 O voto branco ou nulo não anula as eleições. Eles apenas não são computados para o resultado final. Portanto é necessário ficar atento e se possível escolher sim um candidato. Algum deles deve ter propostas e ideais equivalentes aos do eleitor.  Se o eleitor não escolher, outro pode dar seu voto para um candidato em quem ele nunca votaria! E são os eleitos que estarão lá, pelo menos nos próximos quatro anos, representando o que deveria ser a vontade da maioria. Necessário se faz assumir uma posição. O processo eleitoral acontece, porém quanto mais abstenções, menor a quantidade de pessoas decidindo o destino de todos.

Outro ponto que não pode passar em branco. O intenso debate nas redes sociais, evento relativamente novo que causa perplexidade pela força que está ganhando na “vida real”. Movimentos iniciados na rede que tomaram as ruas, ganhando corpo. Isso é bom e muito interessante, mostra que existe uma adesão á discussão política. Mas as divergências políticas não devem chegar ao nível pessoal. Brigas e discussões, rompimentos de antigas amizades, não levam a nada. Não agregam o debate, apenas ferem suscetibilidades.

Colocar em cheque a idoneidade das eleições, o funcionamento das urnas eletrônicas também pode ferir de morte a Democracia no país. Portanto, aceitar a respeitar o resultado das urnas será primordial para a garantia dos direitos duramente adquiridos em décadas de luta pela Democracia. Que seja feita a vontade da maioria e, mais que isso, que essa vontade seja respeitada e garantida.

 

 

Editorial edição 824

A importância do voto para o Legislativo

O primeiro turno das eleições no Brasil será dia 7 de outubro. Os eleitores poderão votar para presidente e vice-presidente da República, governadores e vice- governadores dos estados e Distrito Federal, deputados federais e estaduais e dois senadores pelo seu estado. Mas a escolha de representantes para o legislativo também é de extrema importância, já que são eles os responsáveis, resumidamente, pela criação das leis e fiscalização dos atos do Executivo.

Também são os deputados e senadores (no caso do legislativo federal que é bicameral) os incumbidos de aprovar, ou não propostas do Executivo. Sem uma boa base de apoio no Congresso ou na Assembleia (no caso dos estados) o Presidente e/ou Governador, não consegue governar. Por isso a importância de pensar bem antes de escolher os representantes nestas instâncias.   

Também vale a pena ficar atento às modificações na Legislação Eleitoral no que diz respeito ao número de votos que o candidato deve conseguir para se eleger. Antes, se a legenda ou coligação conseguisse um número x de votos, elegeria determinado número de candidatos levando em conta o coeficiente eleitoral. Mas desde as eleições de 2016 essa regra mudou. Agora um candidato precisa atingir um mínimo de votos (10% do quociente eleitoral) para se eleger. Caso isso não ocorra, a cadeira conquistada pelo partido é perdida.

Então é preciso ficar atento às coligações e pensar bem antes de dar o famoso voto na legenda, ele pode não ajudar a eleger o candidato do partido que você simpatiza. Por exemplo: Se prefere o partido A e ele está coligado com um partido B e C, por exemplo, o voto na legenda vai ajudar aos três partidos e não apenas ao seu partido.

A regra dos 10% foi introduzida na legislação para evitar que um candidato muito popular eleja outros com votação insignificante. Mas, na prática, ela pode prejudicar os partidos que concentram sua votação na legenda. Então é preciso ficar atento e, se for o caso, escolher um candidato para dar seu voto. Afinal queremos estar bem representados em todas as instâncias do legislativo e por pessoas que defendam nossos pontos de vista.

 

Editorial edição 823

Ética seletiva

Colar na prova, dar dinheiro para que um serviço saia mais rápido, não devolver o troco que te deram a mais (era pouca coisa!), deixar que o caixa não passe aquela compra que vocês “esqueceu” embaixo do saco de arroz, (e ainda se vangloriar pela esperteza), fazer cópias utilizando a copiadora do trabalho (não tem ninguém vendo!). Enfim, uma série de atitudes que já se tornaram banais no nosso dia a dia. Mas por quê? Estamos vivendo um boom de pessoas vociferando por aí, principalmente nas redes sociais, textos em prol da moral, ética e bons costumes e essas coisa ainda acontecem? Tem algo errado, não?

Essa ética vale pra quem? Será que ela tem tamanho, intensidade, raça, classe social? Se for comigo, algum parente ou alguém que eu goste, “ahhh, não tem problema, não foi por mal…”, mas se é com o vizinho… Muitas vezes nem percebemos atitudes preconceituosas ou desastrosamente amorais ou antiéticas que praticamos todos os dias, enquanto julgamos o outro. A corrupção dele é igual a sua, só muda o tamanho, a cara, o jeito, a quantidade de dinheiro envolvido talvez,  mas a sua e a dele são corrupções do mesmo jeito.

Muito cuidado também com o trágico: “eu não tenho como não fazer assim, é o sistema…” essa desculpa é o cúmulo da aceitação de um estado de coisas que não fazemos esforço para modificar, se por medo, preguiça, desídia ou comodismo fica a cargo da consciência de cada um. E muitas vezes colocamos nas práticas sociais habituais a desculpa perfeita para continuar a ser como somos. Porque é muito mais fácil mostrar o erro alheio a ver o nosso. Trata-se de decoro, de ética. A etimologia nos mostra que dentro da palavra decoro existe a palavra enfeitar, (dec no grego é enfeitar daí decorar), então tornar nossas vidas feias ou bonitas, é uma questão de escolha.

O que vamos ensinar às nossas crianças através do exemplo, com as nossas pequenas ações diárias é que vai tornar o mundo delas mais feio ou bonito. É muito importante trabalhar o comportamento ético como escolha (mesmo que não esteja ninguém vendo, nós estamos!) ser ético é uma decisão, opção de vida. A ética e o decoro nunca podem ser impostos, mas ensinados.

 A nossa ética não pode ser seletiva e só valer para umas ou outras situações ou pessoas. Vamos ficar atentos porque nossas ações, por menores que sejam, refletem em toda a sociedade, e voltam para nós na mesma medida, ou ampliada!

 

 

 

Editorial edição 822

Voto consciente

 

“Ah, de que adianta eu votar no meu candidato, se ninguém mais vai votar?!” A frase entreouvida por aí, nos dá a dimensão da insegurança de algumas pessoas num momento tão importante da vida. A hora de exercer a Cidadania e a Democracia (sim, sempre com maiúscula!).  Adianta sim. Adianta porque você faz valer a sua opinião, sua forma de pensar, seu direito de se expressar e escolher alguém que te represente. E mais, ajuda a encorajar aqueles que também ficam na encolha, achando que a sua opinião não tem respaldo.  E se não tiver? Que seja, mas é a sua opinião!

Eleição não é campeonato de futebol que a pessoa precisa torcer por um time naturalmente vencedor, só para ter orgulho de ser da turma que ganhou. É muito mais sério que isso. Estamos elegendo pessoas que vão nos representar nas decisões sobre o futuro do nosso país, sobre o seu futuro, suas relações de trabalho, direito a aposentadoria, ensino, saúde, tudo isso passa pelo seu voto. Escolher um mau governante pode representar uma queda na qualidade de vida. Lembrando que são os políticos que administram os nosso impostos.

 As campanhas pululam nas redes sociais, esse ou aquele candidato a presidente ou governador (a) dos estado, mas sem apoio do legislativo, ou seja deputados federais, estaduais e senadores, esses homens e mulheres pouco podem fazer. Então necessário se faz pensar, e muito, no voto para esses cargos. E ele não pode ser “Maria vai com as outras”, esse é mais famoso ou famosa, então para eu ficar bem na fita vou votar nele ou nela para ser da turma que venceu, política não se faz assim. Consciência minha gente! Nem todos os políticos são iguais, existem os bons e maus, os corruptos e os honestos, os competentes e os incompetentes. O voto consciente ajuda a valorizar os melhores.

Outra coisa, acreditar que votar nulo ou em branco anula eleição é mito. Esses votos não são computados para o resultado da eleição. De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu art. 77, parágrafo 2º, é eleito o candidato que obtiver a maioria dos votos válidos (somente), excluídos os brancos e os nulos. Ou seja, voto válido é aquele dado diretamente a um candidato ou partido. E somente eles contam.  O secretário judiciário do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal,  Fabio Moreira Lima alerta: “Se mais de cinquenta por cento dos eleitores, abrirem mão do seu voto, na verdade o eleitor estará abrindo mão de participar do processo eleitoral, mas o processo eleitoral irá acontecer, quanto mais abstenções nesse sentido tivermos, teremos uma quantidade menor de pessoas decidindo o destino de todos”.

Então vamos pensar muito bem, pesquisar e escolher o candidato ou candidata que melhor nos represente. Fica a dica.

 

 

Editorial edição 821

Vamos viver em paz?

Dia da Compreensão Mundial (17/09), Dia Internacional da Tolerância (16/11) datas internacionais que foram instituídas para nos lembrar da importância da convivência pacífica entre os povos. O primeiro tem o objetivo de mostrar a necessidade da compreensão para o estabelecimento do bem estar e convivência entre todos. O Segundo, instituído pela ONU – Organização das Nações Unidas – acontece em função da Declaração de Paris, assinada em 1995, e pretende que os países difundam o respeito às diferenças, reafirmando a importância dos Direitos Humanos e, principalmente, do Direito à Liberdade, à Expressão e à Educação. O objetivo: Evitar que num futuro próximo, entremos em conflito por questões culturais e de intolerância. Uma situação belicista que nenhum de nós pretende.

O entendimento entre as pessoas é uma decisão íntima de cada um. Pretender respeitar o próximo não quer dizer que tenhamos viver como eles, ou ter as mesmas atitudes, mas tentar se colocar no lugar dele, sem críticas ou reprovações. Apenas… respeitando. Edgar Morin, antropólogo, sociólogo e filósofo francês, hoje com 97 anos, afirma “meu mundo é a minha visão de mundo”, logo não vemos o mundo de forma semelhante, tudo vai depender da nossa interpretação da vida, e cada um tem a sua.

Como muitas vezes somos incapazes de estabelecer esse tipo de raciocínio sobre a vida alheia, seja ela do vizinho, colega de trabalho ou outra civilização, perdemos o nosso olhar tolerante e compreensivo e pretendemos impor ao diferente o que nos parece familiar. E é aí que reside a causa de tantos atos violentos e lamentáveis a que temos assistido ao longo da história. O diferente nos amedronta, e ao invés de tentar conhecê-lo melhor, partimos para o combate. Criamos falsos medos, falsas inseguranças, e eles passam a ser nossos mestres, que talvez, nos façam desaprender…a amar, conhecer, tolerar, viver em paz.

Necessário se faz nos despirmos desses falsos medos, desatar o convívio com esse mestre às avessas e viver de modo mais leve. Em geral somos tensos, não sorrimos, não nos abrimos, não somos fraternos. Um sorriso, um abraço, um oi, um pedido de desculpas, um olhar fraterno, compreensivo, podem fazer toda a diferença. Vamos tentar?!

 

Editorial edição 820

Sobre ser tolerante

A sociedade tem vivido nos últimos tempos uma explosão de intolerância. Triste realidade constatada nas manchetes de todas as mídias. Não importa contra o quê ou quem, ela se mostra nas suas mais variadas faces: religiosa, racial, política, por orientação sexual, hábitos, nacionalidade e, pasmem, até por aparência física!

Os discursos xenofóbicos, as lamentáveis cenas de ódio e o surto de violência contra nossos irmãos refugiados da Venezuela nos fazem pensar que o instinto está sobrepujando a razão. Feminicídios, estupros, assassinatos de gays, afrodescendentes, moradores de comunidades mais pobres, enfim… uma longa lista que precisa ser encurtada o mais rápido possível, corroboram esse pensamento.

Mas por onde começar a combater a intolerância? A grande preocupação deveria ser conter a nossa própria intolerância, fazer um estudo íntimo e verificar em quais momentos da vida, e, em que circunstâncias, estamos sendo, mesmo que inconscientemente, intolerantes e preconceituosos. O respeito é a chave da evolução humana! Necessário não se deixar levar, não entrar nesse ciclo vicioso. Aceitar o próximo como ele é não significa compartilhar de suas escolhas, viver como ele, significa reconhecer a sua individualidade.

Ser tolerante não é ser omisso, é exercer a plenitude da cidadania, denunciando o errado e fazendo valer os direitos, seus e do seu próximo.  Vamos tentar conhecer mais o outro, se colocar no lugar dele, exercer a empatia e a generosidade. Respeitar!

Nos dizeres do escritor moçambicano Mia Couto. “Todos sabemos que o caminho verdadeiro tem que ser outro. Todos sabemos que esse outro caminho poderia começar, por exemplo, pelo desejo de conhecermos melhor esses que, de um e de outro lado, aprendemos a chamar de “eles”.”

 

Editorial edição 819

Como economizar em tempos de crise?

A miséria voltou a ser a realidade na vida de milhões de pessoas no Brasil. O fato revelado por um levantamento da organização ActionAid Brasil e divulgado em julho deste ano já pode ser constatado pelas ruas das cidades, onde nos deparamos com  cidadãos vivendo em condições subumanas a cada esquina. De acordo com o estudo, cerca de 12 milhões passam fome no Brasil. O número de pessoas consideradas pobres, com renda per capita menor que R$ 70,00 por mês, quase que dobrou em 2017 e essas, infelizmente, já não vivenciam nem mesmo a realidade de ter de controlar as finanças e administrar dívidas. Apenas sobrevivem.

Vamos falar sobre outro conjunto de pessoas, os que ainda possuem alguma fonte de renda, mais próxima de um a dois salários mínimos por mês. Para essas, em função dos baixos salários e da informalidade fica difícil controlar as finanças e muitos acabam terminando o mês no vermelho. E é aí que aparecem os conselhos de especialistas sobre como se organizar para evitar as dívidas. Poupar sempre, economizar luz, água e combustível, prestar atenção nos gastos! Mas como? Se as tarifas públicas, água, energia, impostos, sobem muito acima da inflação e o salário fica abaixo? A conta nunca vai fechar, pois se a pessoa economiza nos gastos enquanto o valor das tarifas  aumenta, a economia vai por água abaixo.

Basta uma rápida pesquisa na internet para verificar: o aumento do salário para 2018 foi de 1,81%, e a conta de energia elétrica, por exemplo, só no primeiro semestre de 2018 chegou a ter um reajuste médio de 15,55% em todo o país. As bandeiras vermelhas voltaram. A conta de água subiu também, gás e combustível são temas de editoriais e reportagens nos principais noticiários nacionais. E como exigir mais economia de trabalhadores que, em determinados momentos da vida, precisam optar entre higiene pessoal, tratamento de saúde ou alimentação? Sim eles existem, são muitos e, às vezes, aparecem como personagens de reportagens, mas continuam invisíveis aos olhos da maioria. É mais prático não ver para não precisar enxergar!

Bem, isso sem contar as tarifas bancárias absurdas e juros, principalmente dos empréstimos com financeiras e cartões de crédito. Mas aí já estamos falando dos que tem acesso a esse tipo de serviço. Se estreitarmos ainda mais o funil poderemos verificar a alta nos valores cobrados por planos de saúde, escolas particulares e uma infinidade de outros serviços que apenas uma minoria pode pagar.

E no desespero de pagar as contas em dia e influenciados por essa onde de conselhos e receitas mágicas de como economizar e poupar para não chegar no vermelho ao final do mês, as pessoas se desesperam e sentem-se incapazes de ordenar suas finanças e acabam caindo em armadilhas financeiras. Importante lembrar, que na maioria dos casos, o problema não é má gestão do dinheiro, e sim a falta efetiva dele.

 

Editorial edição 818

Vamos ser solidários?!

De acordo com as definições atuais a solidariedade é o compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas às outras e cada uma delas a todas. Cabe nessa definição o princípio de que todos que queiram praticá-la devem sentir-se integrantes de uma mesma comunidade, portanto dependentes uns dos outros. Mas será que estamos praticando a solidariedade em nossa comunidade, ou apenas esperando o poder público fazer a parte dele, esquecendo que junto com nossos direitos também temos deveres a cumprir? O mundo é nosso! E não apenas daqueles que elegemos como nossos governantes. O poder público, o próprio nome já diz, somos nós!

Não dá para reclamar dos fatos mostrados nos noticiários achando que alguém, mas não nós, tem que resolver. Já passamos da hora de uma tomada de atitude. E é nos pequenos detalhes da vida que ela acontece. Agindo no nosso entorno, nos indignando com o que está a nossa volta, com o que temos capacidade de ajudar a resolver, e não com o que está acontecendo do outro lado do mundo.

 De que adianta se revoltar com a fome das crianças na África, se não ajudamos o orfanato carente da nossa cidade? Ou com alto índice de suicídio de idosos no Chile, por falta de assistência médica, se nem lembramos que existe um asilo público perto de nós e precisando de recursos?! Ou, quem sabe, a baleia que morreu porque engoliu um montão de plástico no oceano, se jogamos lixo no rio que corta a nossa cidade? Os exemplos são milhares.

Agir com solidariedade é notar as pessoas a nossa volta, é ajudar quem está mais próximo de nós. Olhar para o nosso próprio umbigo e fazer de tudo para resolver ou diminuir os nossos problemas sociais e estruturais é um ato de responsabilidade. É ter a consciência de que a cada pequeno problema resolvido aqui, pertinho de nós, estamos ajudando a resolver outras várias questões mundiais. 

Ou arregaçamos as mangas ou seremos, nos dizeres do Economista Eduardo Moreira, “uma sociedade rasa, debatedora furiosa de manchetes de redes sociais!” Não queremos isso pra nós!