‘O Consul do Rei’. Esse é o nome da obra escrita por Rosana Areal de Carvalho, uma homenagem ao renomado e ilustre miradourense José Alcino Bicalho. O livro foi lançado no Centro Cultural Del Rey, na Escola São Paulo (ESP), em Muriaé, no sábado (8), um dia depois de ter sido lançado em Miradouro, na Câmara de Vereadores. Foi um momento de muita emoção, quando os presentes, dentre eles muitos familiares e amigos do homenageado, lembravam de sua trajetória de vida vitoriosa e de seus ensinamentos.
O Diretor da ESP, José Nicodemos Couto, mostrou sua satisfação com o lançamento da grande obra de seu tio, trabalho muito bem elaborado, um recorte da vida de José Alcino Bicalho, destacando alguns momentos importantes. “Trata-se da trajetória de um homem virtuoso, político notável, intelectual por excelência e um ex- aluno da ESP, na época do fundador, Mário Macedo. Com o passar do tempo, o destino quis que se tornasse presidente do Instituto Raphael Barreto e o José Alcino não mediu esforços para que a Escola saísse de uma situação difícil na qual se encontrava, para tornar-se essa Instituição reconhecida e de credibilidade. Como diretor e sobrinho de José Alcino Bicalho, fiquei muito feliz com esse livro, que retrata essa excelente figura. Tivemos mais de 150 pessoas participando do lançamento. E não haveria lugar melhor para registrar esse grande momento: uma Instituição de Educação centenária e com tanta importância na vida desse extraordinário ser humano. É interessante ver uma instituição onde um jovem estudou na década de XX, e, agora, a bisneta, frequentar o mesmo espaço. É motivo de muito orgulho para a família e os demais que puderam participar desse momento, um evento literário, de muita emoção. Quem não conhece a obra, vale a pena conferir, porque há muita história em suas 340 páginas”, analisa.
A historiadora muriaeense, Rosana Areal de Carvalho, é formada em História pela Universidade Federal do Mato Grosso e doutora em Ciências Humanas pela Universidade de São Paulo. A professora trabalha em Educação na Universidade Federal de Ouro Preto MG. Ela mora atualmente em Sete Lagoas MG, mas suas raízes continuam em nossas terras. De acordo com ela, falar sobre a longa trajetória de José Alcino Bicalho e suas participações políticas é muito interessante.
O título do livro se deve ao fato dele ter sido por mais de 30 anos Cônsul do Rei de Marrocos no Brasil. “Trata-se de um cargo diplomático e não de carreira. O rei escolhe os cônsules para representar sua nação. Quando José Alcino esteve em Paris (FRA), como chefe do escritório comercial do Brasil, negociou com muitos países que faziam parte da região da Zona do Franco. São aqueles que haviam conquistado sua autonomia e independência recentemente da França, mas que comercializavam com a moeda francesa, o franco. Ele teve muito contato fazendo acordos comerciais entre Brasil e Marrocos. Em razão disso, mais tarde, nos anos 80, foi convidado a representar o país africano aqui no Brasil, recebendo esse título em Minas Gerais. Portanto, não é uma expressão literária, mas remete a uma função que ele realmente exerceu”, explica.
Durante a cerimônia, foi lida uma carta do secretário consular de Marrocos, cumprimentando a autoria do livro e comprovando como José Alcino era reconhecido. Os embaixadores do país africano, que estiveram trabalhando no Brasil, sempre tiveram nele muito apoio, uma grande referência. Qualquer dificuldade e problemas que eles tinham para encaminhar em nosso país, o porta-voz era José Alcino Bicalho. “É muita história e exemplo. Ele faz parte de uma geração de homens brasileiros, políticos que tinham como objetivo o bem público. O livro serve de referência para as futuras gerações conhecerem o que o nosso país já foi e já produziu. Foi também uma excelente oportunidade de realizar essa cerimônia também na Escola São Paulo, pois José Alcino estudou aqui e algumas das fotos que estão no corredor da escola estão também no livro. Ele tinha uma grata recordação, pois fez o secundário na instituição, que mais tarde seria adquirida pela própria família, então tem todo um vínculo com o espaço. Lançar um livro numa escola também é tudo de bom, o lugar certo, pois trata-se de educação e cultura”, define.
Porém, as raízes de José Alcino são de sua querida Miradouro, onde foi nascido e criado. Quando ele nasce, em 1920, ainda era um distrito de Santa Rita do Glória, que pertencia a Muriaé. Bicalho viria a ser prefeito de Miradouro em 1948-50, sendo posteriormente deputado estadual. “Assim, passa a ter residência em Belo Horizonte, depois vai para o Rio de Janeiro, Paris, volta ao RJ, depois São Paulo… Embora nunca mais tenha morado em Miradouro, manteve sempre seu título de eleitor na cidade e nunca justificou o voto. Onde estivesse, exercia seu papel de cidadania eleitoral, comprovando que nunca se afastaria de sua terra natal. Espero que possa encantar a todos com essa história e recordações. É um motivo de gratidão por tudo que foi vivido, isso que faz com que a vida seja bonita”, completa. Os interessados podem comprar o livro pelo site www.biografa.com.br.
Saiba mais na edição 753 do Folha do Sudeste