Na tarde de sábado 26 d agosto, a Escola São Paulo (ESP), em parceria com a Academia Muriaeense de Letras (AMLE), realizou um Sarau Literário nos jardins de entrada da Instituição de Ensino. Na ocasião, os alunos de várias turmas da Escola apresentaram seus trabalhos, valorizando a cultura e a literatura nacional. Além disso, cada sala da ESP recebeu o nome de um escritor brasileiro, uma forma de homenageá-los pela grande contribuição literária que eles nos proporcionaram – inclusive a Biblioteca recebeu o nome do saudoso miradourense José Alcino Bicalho. Segundo o diretor José Nicodemos Couto, essa foi mais uma oportunidade da Escola reforçar com seus alunos a importância da cultura e estimular as áreas intelectuais humanas. “É uma grande satisfação proporcionar um momento como esse, imortalizando grandes nomes de nossa história, que deram contribuições que jamais poderão ser esquecidas. A Escola São Paulo mais uma vez mostra seu empenho na educação e valorização dos diversos ramos do conhecimento humano. Além disso, podemos despertar nos estudantes a paixão pela Literatura e muitos podem até mesmo descobrir que se identificam com essa área”, explica. Prosseguindo, a Supervisora Pedagógica, Márcia Murta, com palavras acolhedoras cumprimentou a todos e fez agradecimentos aos professores e alunos que tanto se empenharam para o êxito desse Evento Literário em exaltação à Língua Portuguesa. Os professores Camila, Marília e Rafael apresentaram seus trabalhos literários através de interpretações, cenas, artes cênicas e visuais, sobre a vida e obra de autores e escritores da nossa Literatura.
Camila Prado, professora de Língua Portuguesa, Literatura e Redação explica que a Escola já promove há alguns anos a Manhã Literária e a ideia do Sarau surgiu a partir da própria parceria da ESP com a AMLE. Segundo ela, a organização dos trabalhos foi em cima de muita pesquisa sobre a vida e obra dos autores, e, através de aulas dinâmicas e colaborativas, foram surgindo ideias para as apresentações, tudo de forma natural e prática, pois o trabalho em conjunto é fundamental no processo de formação, e no caso do Sarau, a organização em equipe foi priorizada o tempo todo. Participaram nove turmas, do 7º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. “A direção disponibilizou uma lista de renomados autores a serem homenageados e, de acordo com os níveis e coerência com o conteúdo trabalhado, os professores selecionaram alguns para que os próprios alunos, ao interpretarem seus textos, escolhessem o autor a ser homenageado pela turma. A expectativa é sempre que o trabalho seja proveitoso no lado pedagógico, para que os alunos realmente se envolvam e curtam o momento de aprendizagem. O trabalho de mediação dos professores, no caso específico do Sarau, teve a preocupação de ter, por trás de uma linda apresentação, também uma absorção verdadeira dos conteúdos dentro de sala de aula. Apesar do aprendizado cognitivo ser muito evidenciado atualmente, oportunidades como essa permitem a expansão de áreas tão importantes quanto. O lado lúdico, as pesquisas culturais, a leitura, as músicas, as decisões tomadas pelo grupo… tudo isso possibilita não só aulas divertidas e momentos agradáveis. Muito além disso, conseguimos desenvolver o lado criativo e humano de nossos alunos”, explica.
Ela lembra que o professor Cristian, que trabalha na Escola, é o presidente da Academia e propôs à direção essa parceria. “Fica o meu agradecimento aos meus colegas Rafael e Marília. Sem uma equipe tão amiga e leal seria impossível realizar um trabalho tão bonito. Por trás de um trabalho bem feito, há sempre relações de amizade e respeito. Amamos muito o que fazemos, assim como amamos muito nossos alunos”, acrescenta.
A professora de Língua Portuguesa e Redação, Marília Aparecida Gomes Vital Oliveira, está há 12 anos na ESP, avalia que o evento foi muito positivo, com grande envolvimento, participação e dedicação com o trabalho e com os autores, percebendo o poder da palavra e o quanto ela deve ser pensada antes de ser dita. “Os poetas nos fazem pensar e refletir sobre isso. Eles têm o poder muito grande de fazer o uso da palavra. As apresentações tiveram uma participação e envolvimento de todos, trabalhando junto conosco, caso contrário não teria saído tão bom quanto foi. Eles tiveram a responsabilidade e compromisso com o trabalho. Fizeram uma pesquisa dos autores, discutindo os poemas em sala de aula e percebendo o quanto a Literatura é importante na vida e o quanto ela nos torna pessoas mais criticas, mais humanas. Passamos a pensar e refletir sobre nossos atos”, avalia.
Rafael Fernandes de Melo, professor em Filosofia, Língua Portuguesa e Redação, do 9° ao 3° ano do Ensino Médio, afirma que a Literatura é transformadora e tem engajamento social. Para ele, os alunos e colaboradores da ESP, com toda simplicidade, puderam alcançar o resultado esperado e o público presente pôde experimentar uma transformação interior. “Todos estavam ali como viajantes e todo viajante, quando se compromete a percorrer os caminhos, nunca volta da mesma forma. Porque todo aquele que regressa, não volta para o mesmo lugar, já que, na sua trajetória, algo foi modificado. Com este evento, todos passamos por essa transformação. Quero agradecer todas as pessoas que nos prestigiaram, principalmente os alunos que se empenharam. Percebi motivação, alegria, entusiasmo e tudo isso me alegra como educador, vendo adolescentes engajados numa obra, com tanto entusiasmo. Quando há interação entre família, escola e sociedade o resultado é o que tivemos: sucesso”, completa.
Cristian Gomes Lima presidente da AMLE, mostrou sua satisfação da parceria com a Escola São Paulo, para mais um Sarau literário. Segundo ele, a Academia está com uma agenda cultural repleta de eventos e mini-cursos, incluindo mesas redondas e a temporada de música com consertos na sede, localizada na Vila Eudóxia Canêdo. Para os saraus, a academia conta com a parceria das escolas. São eventos com duração aproximada de uma hora e meia: 1h para os alunos falarem da Literatura e, ao final, os poetas da cidade declamando. Até agora as parcerias foram com: E. E. Dr. Olavo Tostes (em maio), Escola São Paulo (agosto) e E. E. Eng. Orlando Flores (acontecerá em outubro).
De acordo com Cristian, a ESP tem uma vertente de apoio desde que a AMLE surgiu, sem fins lucrativos, contando hoje com 30 cadeiras completas – na última semana foi eleito o novo acadêmico, que ocupa a cadeira do falecido José Alcino Bicalho e tem como patrono Machado de Assis. “A poesia é uma linguagem que tem renascido. As músicas têm chegado muito sem poesia, com palavras muito pobres. Tem a arte de organizar as palavras, como é o conceito da literatura e aqui em Muriaé tem crescido um movimento de Literatura. No dia 15 de setembro teremos um conserto sobre Villa Lobos, com o Conservatório de Música de Leopoldina. No dia 16, teremos um mini-curso e no dia 21 a Solenidade Máxima da Academia este ano: instalaremos a Academia de Letras Jovem, com 10 novos acadêmicos do Ensino Médio que farão parte. No dia 21 de setembro, no Teatro Zaccaria Marques, tem o Concurso Literário, que a cada 2 anos a academia faz para os jovens daquela faixa etária. Também será a posse de acadêmicos esse dia, então serão três eventos em uma solenidade só. Em outubro teremos Conserto Experimental com trombone e, em novembro, no Teatro Belmira Vilas Boas, teremos Bruna Moreno Canta Bituca. Já em dezembro, a academia entregará a Medalha Paulo Fraga. Sem dúvidas é uma instituição cultural de Muriaé”, afirma.