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Foi realizada pelo Sind-UTE subsede de Muriaé, na noite de sexta (28) e durante todo o dia de sábado (29), no SESC, a Conferência Regional de Educação da Zona da Mata de Minas Gerais. O evento contou com uma homenagem aos educadores pelo Dia do Servidor (incluindo entrega de troféus para os participantes, como simbologia para a data) e uma manifestação coordenada pelos líderes educacionais, sindicatos e várias entidades, contra a instalação da mineradora em Belisário (reforçando a importância de investigar e analisar seus antecedentes e projetos). Para finalizar, teve um jantar no Restaurante Serra do Sol do SESC, com uma boa música ao vivo.

Estão sendo realizadas, em todos estados, Conferências Regionais de Educação do Sind-UTE, preparatórios que o Sindicato fará em Belo Horizonte, de 30 de novembro a 2 de dezembro. O objetivo é fazer uma mobilização com a categoria em torno dos temas relativos à educação, pois os representantes consideram que no momento estão sofrendo fortes ataques no que se refere à educação pública. Com esse debate, eles iniciam as contestações e esclarecimentos da PEC 241, que foi aprovada em 2 turnos na Câmara dos Deputados, e que agora vai para a votação no Senado, o que avaliam como o maior ataque ao povo brasileiro e lamentam o que podemos esperar para os próximos períodos: 20 anos de orçamentos congelados, prejudicando investimentos educacionais e sociais. “Michel Temer está fazendo um plano de governo que a população não votou, mas está em curso no momento. Em 2014, as pessoas foram às urnas e apostaram no programa de governo de inclusão social, saúde e educação, cuidando e garantindo seus direitos. É um equivoco achar que resolvemos problemas econômicos fazendo esse tipo de corte. Um exemplo muito bom é quando estamos em dificuldades financeiras em casa: não deixamos de comer, de estudar, de comprar um remédio, deixamos sim, de pagar o cartão de crédito ou o cheque especial… para quando tiver condições, fazer uma melhor negociação. Deveríamos rever nossos tributos e fazer uma Reforma Tributária, porque pagamos impostos, mas os ricos não. Qualquer trabalhador que tenha um carro novo ou velho paga IPVA, o dono de um helicóptero não paga imposto, ou do iate, então existem distorções que devemos enfrentar. Estudos comprovam que se investirmos na saúde, contribuímos para o crescimento da economia. Essas áreas, além de serem direitos sociais, contribuem para o desenvolvimento do país. É muito importante que as pessoas se informem e não caiam na conversa do governo”, explica Beatriz Cerqueira de Belo Horizonte, coordenadora geral do Sind-UTE Minas Gerais.

De acordo com Sandra Lúcia Couto Bittencourt de Muriaé, diretora estadual do Sind-UTE, a conferência realizada em nossa cidade coincide com o momento extremamente difícil pelo qual o Brasil vem passando. Para ela, sofremos um golpe que retirou a presidente eleita e agora estamos com a PEC-241, que passou para o Senado e virou PEC-55, sem investimentos na educação e na saúde durante 20 anos e a remoção dos direitos dos trabalhadores, tornando mais do que importante a discussão dessas questões. Ela lembra também a lei da mordaça nas escolas, que não permite que política e suas questões relacionadas sejam discutidas com os alunos. “Essa conferência era justamente para ouvir os trabalhadores, debater tudo que está relacionado à vida deles. A Zona da Mata esteve toda presente, o que é muito importante para nós. Achamos que o governo tem que taxar as grandes fortunas, pois quem compra helicóptero, avião… e o que precisamos é melhorar as condições de vida da população. Lutamos por um Brasil melhor, com a comunidade tendo acesso a tudo que tem direito: educação, saúde e lazer. Esperamos que a população de Muriaé possa reagir junto conosco, pois estamos em defesa de todos nós. Acho que devemos defender o país, a vida do nosso povo, não podemos entregar o Brasil para as mineradoras, para as multinacionais e ficarmos olhando a mercê. Temos que lutar pelos direitos dos trabalhadores para que seja garantido o respeito às terras, à água, às árvores, à cultura do plantio do que comemos… Não é nada contra as mineradoras, mas não pode ser desse jeito. Todos estão achando que a PEC-241 irá prejudicar somente os servidores públicos, mas não, ela irá atingir a todos e as pessoas que estão votando são da elite, compraram votos e foram eleitos. Nosso posicionamento é para que o investimento no Brasil cresça. O Sind-UTE é o Sindicato do cidadão, que temos orgulho de defender”, explica.

Fábio Garrido de Ouro Preto, professor de Filosofia da Rede Estadual e diretor do Sind-UTE MG, falou sobre a reforma do Ensino Médio, que irá tirar dos adolescentes o direito de sonhar, pois os estudantes de escola pública provavelmente não conseguirão passar em vestibulares para universidades, já que é visado oferecer ao jovem somente um ensino técnico profissionalizante de baixíssima qualidade, que não garante para ele nenhuma profissão que tenha uma condição de futuro. “Não tem outra saída que não seja se juntar e tomar a luta pela educação, porque está em jogo o fim do direito a ela, como foi garantido na constituição de 1988. O que o governo quer é acabar com a profissão docente, com os trabalhadores da educação, dizendo que agora qualquer um pode ser professor, tirando 441 bilhões de investimento nos próximos 20 anos de saúde e educação. Isso significa que as escolas vão cair em pedaços e os professores não terão aumento salarial. Nesse momento, temos que nos apoiar e dar muita força, apoiar o movimento de ocupação das escolas, que é cívico pelo direito da educação”, reforça.

Paulo Grossi, também diretor estadual do Sind-UTE, atua no polo de Viçosa e Ponte Nova, explica que querem tirar do professor o direito de ensinar e somente uma nova constituição poderia fazê-lo. “Através do debate com o professor vamos construindo os princípios da educação. Os pacotes de recessão e ajuste econômico acabam também dando vazão para que grupos que não tenham defesa da educação, que reprima o professor e combata essa liberdade. Precisamos saber que a educação é feita por todos nós. A família tem que participar, mas também ser participativa na escola, no dia-a-dia, porque não é através de projeto que cala a boca do professor”, acrescenta.

O vereador de Muriaé Jair Abreu lembra que ele participa do Sind-UTE desde sua fundação em Muriaé. Para ele, é um grande prazer receber várias cidades da região, em um trabalho tranquilo, num ambiente legal. “Na verdade, o Governo Federal tem uma proposta muito radical de tirar os direitos da maioria dos trabalhadores, a educação e a saúde. Proporcionamos uma discussão muito importante e vamos chegar em uma grande conferência estadual em janeiro, culminando futuramente com uma conferência nacional, levando nossas idéias e propostas”, completa.

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