Nesta semana, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o jornal Folha do Sudeste escolheu a atleta muriaeense destaque nacional e internacional na área de lutas: a campeã Poliana Botelho, colecionadora de títulos desde que iniciou neste segmento profissional esportivo. Ela falou um pouco sobre as dificuldades da mulher e deu algumas dicas de superação. Confira a entrevista com a renomada atleta da nossa terra:

JFdS: Quando você iniciou sua carreira profissional nas lutas, acredita que enfrentou mais dificuldades por ser mulher?

Poliana: Peguei o MMA numa época em que outras lutadoras já tinham passado pelas fases mais difíceis, na questão de preconceito, de dificuldade e de conseguir lutas. Quando vim para o Rio, o MMA já estava em ascensão, entrando no UFC, que hoje em dia é o maior evento do esporte no mundo. Então, entrei no MMA feminino numa época em que ele estava sendo mais aceito, conhecido e com mais lutas. Tive esse privilégio. Na verdade, as maiores dificuldades que passei não foram pela questão de ser mulher e sim de ser atleta, de sair de uma cidade pequena e ir para um grande centro, morar dentro de uma comunidade, em que não conhecia ninguém, aprender a fazer comida, conseguir patrocínio esportivo – o que no Brasil é muito difícil –, de manter-se com pouco ou quase nada, passar dificuldade, ter que lavar roupa na mão…

JFdS: E quanto ao preconceito por ser mulher?

Poliana: Posso dizer que não sofri nenhum tipo de preconceito ou, se sofri, não foi nada que me atingiu ou que me incomoda. Talvez poderia incomodar outra pessoa, como o fato de que muitos falam que é um esporte de homem, mas eu não me incomodo com isso.

JFdS: Acha que para mulher atuar no segmento de lutas é mais difícil do que para homens?

Poliana: Acredito que para o homem que é mais difícil, porque a concorrência é maior, é mais competitivo. E como os homens vêm há muito tempo nessa carreira, eles são muito completos, às vezes faixa preta em uma modalidade e muito bons em outras. O mundo do MMA feminino ainda vem evoluindo, mas não teve tempo suficiente para que as lutadoras também se tornassem tão completas.

JFdS: Quais dicas você daria para as mulheres que desejam entram na luta ou em algum outro esporte?

Poliana: É a dica que daria para qualquer pessoa, em qualquer profissão. Tudo depende de si mesmo, de acreditar que vai dar certo, confiar em suas capacidades, ‘entrar de cabeça’, ‘ir a fundo’, e se dedicar muito, porque nada cai do céu.

JFdS: Como você avalia a mulher na sociedade atualmente? O que evoluiu e o que ainda pode evoluir?

Poliana: Acredito que a gente vem ganhando muito espaço no mundo. Na minha profissão também estamos nessa conquista, dominando e fazendo um bom trabalho. A tendência é, a cada ano, melhorarmos mais. Esperamos que isso aconteça com todas as mulheres, em todas as profissões.

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