Ele é carioca, nascido em 11 de dezembro de 1946, radicado em Muriaé há 18 anos, tem inacreditáveis (quase) 73 anos de idade, já correu dezenas de maratonas e coleciona troféus e medalhas que conquistou no Brasil e no exterior. Chegou ao pódio em sua categoria na Corrida do Fim do Mundo, em Ushuaia, na Argentina, considerada uma das mais difíceis do mundo, em 2018 e em 2019 ganhou um troféu como homenagem especial pelos 40 anos de atletismo. Já correu no deserto do Saara em Marrocos onde retorna para mais uma prova em novembro de 2020. Também fez bonito na corrida do deserto de Atacama no Chile e já correu três São Silvestres, ficando sempre entre os dez melhores da sua idade. Estamos falando de Albino Pinto da Rocha, este idoso que mais que ninguém representa uma terceira idade cheia de saúde e energia.

Albino Rocha, como é conhecido no meio esportivo, conversou com a diretora da Folha do Sudeste, Lúcia Helena Brambila, por ocasião do Dia Internacional do Idoso, comemorado em 1º de outubro, contou um pouco da sua trajetória e deixou uma mensagem a todos que pretendem começar a fazer esportes independente da idade. Ele contou que é Vascaíno, não esconde que gosta de dançar e confessou que não gosta de musculação, mas malha sim, além de treinar, porque sabe que musculação faz muito bem para pessoas na sua idade.

 

JFdS – Com qual idade você começou a praticar atividades físicas e como o esporte influencia a sua vida?

Albino – Comecei a praticar atividades físicas aos 14 anos, com o futebol no colégio interno e depois fui fazer jiu-jitsu, porque eu achava bonito, mas na minha época ninguém falava nada pra ninguém. Entrei no atletismo nos anos 80, não existia essa febre e esse conhecimento que temos hoje. Eram poucas academias e existiam poucas pessoas para nos instruir. Nunca imaginei chegar onde estou, ser um atleta reconhecido em Muriaé, no Brasil e em outros países. Eu conquistei muitos troféus no Brasil em vários estados e no exterior. Conduzi a Tocha Olímpica em Muriaé e cheguei a gravar um programa no GNT/Globo chamado “MUITOS ANOS DE VIDA”, onde pessoas acima de 50 anos explicam como envelhecer sem se preocupar com a idade.

Mas para mim o maior presente da vida não são os troféus, mas sim a minha cabeça, a juventude que eu carrego. Farei 73 anos em dezembro e tenho muita vitalidade, estou sempre correndo e ajudando a todos, porque gosto. Não vou dizer que o atletismo seja o melhor esporte, porque para mim, todos são importantes. Qualquer atividade que a pessoa fizer com dedicação leva ela ao ponto onde ela pretende chegar.

 

JFdS – Quais tipos de conselhos as pessoas mais te pedem em relação ao preparo físico e como é a sua rotina nesse aspecto?

Albino – Muitas pessoas me procuram para tentar emagrecer e eu digo que não é só o esporte que a fará emagrecer, mas é preciso dedicação principalmente na parte da alimentação, porque somos o que comemos. Aprendi também durante minha trajetória a mudar a minha alimentação. Tenho nutricionista, que vou uma vez por ano, faço exames clínicos também uma vez por ano, inclusive de próstata. E acho que todos os homens devem deixar essa bobagem de machismo e fazer também. Sempre falei para as pessoas, novas ou idosas sobre a importância da atividade física e boa alimentação, pois com 72 anos não conheço a palavra remédio, a não ser em casos de contusão. 

 

JFdS – Quando começou a correr você imaginou que se tornaria um grande campeão?

Albino – Comecei a correr aos 32 anos, tive uma lesão no menisco, parei com jiu-jitsu e precisava emagrecer. Treinava sozinho. Então eu nunca imaginei chegar ao ponto onde estou para falar sobre tudo aquilo que eu caminhei e estou caminhando até hoje, não consegui bens materiais, e não tenho patrocinador.

 

JFdS – Sem patrocinador como você faz para participar de tantas corridas?

Albino – Procuro reservar um dinheiro da minha aposentaria para fazer os pacotes de viagens e correr em outros lugares, então, se quero fazer uma corrida, antecipo em um ano, faço a inscrição, pago a viagem e o pacote de estadia. Tenho o projeto de ir às muralhas da China para correr, mas é em março e não sei se dará tempo. Já visitei alguns países, principalmente da América Latina, Argentina quando corri a meia maratona de Buenos Aires, fiz duas vezes a corrida do gelo em Ushuaia na Patagônia, fui ao Peru, Chile, no deserto do Atacama e no deserto do Saara em Marrocos e este ano, volto ao Marrocos em novembro. Em relação às corridas nacionais posso dizer que corri praticamente em todos os estados brasileiros e felizmente dentro da minha faixa etária em todas as corridas que eu chegava entre os primeiros, por isso posso dizer que estou entre os TOP 10.

 

JFdS – Você é um idoso novo, cheio de saúde e disposição, qual o conselho que gostaria de deixar para as pessoas da sua idade e até quando pretende continuar correndo?

Albino – Me especializei em corridas longas, acima de 20 quilômetros, não devo parar de correr, mas vai chegar um tempo que terei que parar de disputar o pódio. Quero dizer às pessoas da minha faixa etária que a velhice está na cabeça da gente e não no corpo. Todos podemos fazer esportes, natação, musculação, muita gente não gosta de academia, como eu também não gosto, mas ela nos dá um reforço muito grande, o idoso precisa se movimentar, fazer uma caminhada, porque tudo melhora, a circulação, a diabetes, a autoestima, diminui o estresse. O importante é manter a saúde, como eu já disse tomo zero de medicação, nossa saúde é o maior presente.

 

JFdS – Você tem algum grupo de treino, as pessoas que quiserem ter como treinador como fazem para entrar em contato?

Albino –  Já montei três grupos de corrida em Muriaé, mas, às vezes, precisava ficar fora e eles acabavam se desfazendo. Mas quem quiser correr e aprender comigo é só entrar em contato através do WhatsApp 98822-4712, e combinamos a forma de começar desde o zero. Dou preferência à corrida matinal porque é quando o ar está mais leve e menos poluído e também porque quando saímos do exercício estamos mais dispostos para as atividades diárias.

Share: