Dos 34% que costumam fazer reserva financeira, 62% apostam na caderneta de poupança e 27% ainda preferem guardar as economias em casa, motivados, principalmente, pela possibilidade de utilizar o dinheiro a qualquer momento

Uma das principais consequências da falta de educação financeira é a dificuldade em realizar e manter uma reserva financeira. Prova disso é o fato de que mais da metade dos brasileiros (52,1%) não tem o hábito de poupar, conforme indica levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Dentre os entrevistados, apenas 33,8% afirmaram ter o costume de guardar dinheiro de alguma forma, sendo que 14,9% estipulam um valor a ser poupado – 18,9% contam apenas com a quantia que sobra do orçamento.

A falta de conhecimento do brasileiro fica ainda mais clara quando se observa que seis em cada dez entrevistados (62,0%) que costumam economizar ainda têm como escolha a poupança. Além destes, também há os que preferem guardar o dinheiro em casa (27,1%) e os que mantêm o montante na conta corrente (23,1%). Fundos de investimento foram citados por apenas 6,5%, seguidos por Tesouro Direto (4,7%), ações da bolsa de valores (4,7%) e CDB (4,7%).

“Vale destacar que, em 2019, a poupança rendeu próximo a 4%, levemente abaixo do IPCA, o que significa que ela serviu somente para garantir parte do poder de compra do dinheiro investido, sem ganhos reais. A escolha dessas opções mais conservadoras evidencia a insegurança do brasileiro em explorar novas modalidades de investimento”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

A principal justificativa apontada pelos que mantêm a reserva financeira em sua residência foi a possibilidade de utilizar o dinheiro a qualquer momento (51,7%). Além destes, 29,9% acreditam que, por se tratar de uma quantia pequena, não valeria a pena aplicar o montante no banco, 28,7% querem evitar o pagamento de taxas, 24,1% acreditam ser mais seguro estar com o dinheiro em casa e 11,5% mencionaram terem receio de que aconteça um novo confisco da poupança, como o que se deu durante o governo Collor.

A necessidade de se proteger contra imprevistos (49,8%) e garantir um futuro melhor para a família (40,2%) foram as principais finalidades elencadas por aqueles que buscam construir uma reserva financeira. Além disso, também foram citados como motivadores a intenção de abrir um negócio (15,3%), a aposentadoria (14,6%), a compra ou a quitação de um imóvel (13,4%) e a aquisição de um automóvel ou motocicleta (10,0%).

Para os que ainda não têm o hábito de poupar, Marcela dá a dica: “O primeiro passo para quem quer começar a construir uma reserva financeira é organizar o orçamento. Em seguida, é importante buscar conhecimento para poder colocar o dinheiro poupado em modalidades tão seguras quanto a poupança, mas que possibilitam rendimento maior, como o tesouro direto, por exemplo”.

Metodologia

O indicador abrange 12 capitais das cinco regiões brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém. Juntas, essas cidades somam aproximadamente 80% da população residente nas capitais. A amostra, de 800 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais a uma margem de confiança de 95%. Baixe a íntegra da pesquisa em https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas/indices-economicos

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