O fluxo no trânsito de Muriaé na região da Santa Rita e Bico Doce sofreu drásticas mudanças na última semana. Com isso, a nova configuração direciona todo o tráfego em direção ao Safira, o que vem deixando moradores e comerciantes furiosos. Afinal, a medida reduziu muito o número de clientes em diversos comércios, em razão do menor fluxo de motoristas, e fez com que trajetos que antes eram rápidos se tornassem mais longos, justamente em um período de alta nos preços dos combustíveis, as alterações têm causado um grande impacto negativo na economia da região.

A fim de registrar a indignação dos comerciantes da região afetada, o jornal Folha do Sudeste foi às ruas colher opiniões em relação à brusca mudança no tráfego. O gerente do Posto Veredas Express, Wagner, contou que foi pego de surpresa pelas mudanças. “Tentamos de todas as formas conversar com os responsáveis, mas não recebemos nenhuma resposta em relação a projeto ou pesquisa de comércio. Atendíamos cerca de 200 a 300 veículos por dia, mas agora esse número caiu. A maioria dos clientes vem reclamando, então vemos que não é uma reclamação só do comércio”, disse. Ele também alertou para o perigo das novas medidas para a segurança da região. “O que mais nos preocupa é o tamanho da rua. É uma via muito larga e na qual cabem até quatro veículos, então a velocidade dos veículos aumentou muito com a alteração. Com isso, o risco de acidentes aumenta bastante”, finalizou.

Paulo Vieira Paradela Junior, proprietário da Fiel Gás Distribuidora, também se mostrou indignado com a mudança no trânsito. Em entrevista, ele contou que foi bastante afetado. “O impacto sobre os comerciantes da área foi totalmente negativo, porque o fluxo do trânsito direciona somente para um novo empreendimento comercial, e nós somos afetados porque não pegamos a volta para casa do cliente que passa pela região. Fomos à prefeitura, mas não tivemos resposta. Fizemos contato com vereadores, e alguns nos apoiaram enquanto outros não se manifestaram. Seguimos para o Ministério Público e vimos que já havia uma denúncia e uma apuração em análise, então só reforçamos e levamos documentos comprovatórios dessas mudanças. Também fomos ao Demutran e a princípio não fomos bem atendidos, mas existe uma conversa de sugestão para diminuir esse impacto negativo sobre nós. Estamos mobilizados com os moradores para trazer uma solução”, explicou.

O advogado empresário da Panificadora Ki-Delícia, Elder Vargas Flores, contou que está aguardando um posicionamento do órgão público que possa reverter a situação. “Tentamos, através do diálogo, chegar até o prefeito, mas fomos atendidos pelo o Chefe de Gabinete Paulo Sergio do Amaral, através da CDL Muriaé, que se prontificou em nos ajudar. Foi realizado um abaixo-assinado, que já conta com mais de 300 assinaturas. Procuramos a promotora responsável pelo caso, que já havia manejado a informação contra os envolvidos, para que possam apresentar a documentação necessária de estudo para viabilidade de mudança do tráfego. Então, ela deu o prazo de dez dias para se manifestarem, e estamos aguardando. Há indícios de que a mudança tenha ocorrido para favorecer uma empresa de grande porte, em detrimento das demais. Estamos esperando a posição da Promotoria de Justiça. É uma falta de respeito não só com os comerciantes, como também com os moradores”, avaliou.

O comerciante Vagner Lacerda Simão, é proprietário do Minimercado Cymon há 29 anos, também está insatisfeito com as medidas, mas contou que acredita na possibilidade de que o trânsito volte à configuração anterior. “Estamos tentando reverter isso na justiça, porque nossas vendas foram muito prejudicadas. Quanto mais rápido voltar a ser como antes, melhor para nós. Acredito que exista a possibilidade, mas depende da boa vontade dos órgãos públicos. A Avenida Vicente Alves, sempre foi de mão dupla, era estreita e foi alargada. Não vou insinuar motivo porque não tenho certeza de nada, mas sofri na pele a mudança do trânsito. Afinal, a rota do consumidor foi desviada da nossa região”, afirmou.

Texto: Folha do Sudeste

Fotos: Folha do Sudeste/ Silvan Alves

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