Em comemoração ao dia do bibliotecário, comemorado no dia 12 de março, a bibliotecária da Biblioteca Municipal de Muriaé, Rose Barros, concedeu uma entrevista à redação da Folha do Sudeste acerca da participação do público jovem em projetos sociais ministrados no local e revelou suas experiências e expectativas como personalidade atuante no campo da cultura em âmbito municipal. A funcionária revela que, a cada dia que passa, a Biblioteca adquire novas funções sociais que vêm sendo bastante trabalhadas pela equipe do local.

Entre alguns dos projetos sociais nos quais ela se envolveu, estão as Rodas de Conversa realizadas no pátio do estabelecimento, que visa à partilha de vivências e relatos advindos do público LGBT de uma ONG relacionada; e o simpático projeto Biblioteca Fantástica, em parceria com Andrea do Vale, integrante da Academia Muriaeense de Letras, que consiste na realização de teatros temáticos e interativos com as crianças participantes. “O teatro mostrava o início da história e, se a criança quisesse saber o final, precisava ler o livro para descobrir”, explica Rose. Ela também conta que houve vezes nas quais duas sessões de teatro foram necessárias devido à grande demanda. O sucesso foi tão grande que ela conta que pretende voltar com um projeto de temática semelhante.

            “O nosso foco principal é levar jovens à biblioteca, não só para estudo, como também para a leitura”, ela conta. Ela defende a quebra do paradigma de que biblioteca é um espaço voltado apenas para intelectuais. Quando perguntada acerca dos meios para que essa ideia se concretize, ela cita diversos exemplos, como integração e parcerias com escolas, promoção de saraus poéticos, realização de dinâmicas de temática educativa direcionada ao público infanto-juvenil, desenvolvimento do projeto Roda de Leitura em parceria com a Academia Muriaeense de Letras a fim de apurar o criticismo dos jovens participantes, etc. Alguns projetos relacionados já estão em prática: a manutenção de uma espécie de clube de dança nas áreas da Biblioteca, o estabelecimento da parceria com o Conselho da Juventude e a formação de grêmios estudantis em parceria com escolas, como Olavo Tostes e Professor Orlando de Lima Faria.

            Ainda sobre os programas culturais em exercício, Rose mostra-se orgulhosa ao contar sobre Projeto da Fundação Bill Gates: a Biblioteca Municipal de Muriaé foi a única do estado de Minas a ser selecionada pela instituição por atender às especificações, como lugares amplos, valorização do bibliotecário, acessibilidade, entre outras. Como prêmio, o espaço recebeu 10 computadores com fins de pesquisa por dois anos, tempo esse que foi prolongado indefinidamente.

            Rose mostra-se preocupada também com a perda da historicidade municipal. “As pessoas morrem e, com elas, a História. A memória da cidade se perde. Conhecer a historicidade do local onde nasceu é essencial para conhecer a si mesmo. Só temos a História oficial. A História não oficial se perde. Os costumes e tradições de séculos infelizmente vão se perdendo com o tempo”, afirma.

            Rose contou que, brevemente, o espaço passará por reformas pontuais relacionadas à manutenção, o que possibilitará a melhor prática de trabalho comunitário. Além de bibliotecária, ela é contadora de histórias para crianças que vão à Biblioteca com suas escolas e defensora do ideal de que as áreas de educação e cultura merecem maiores investimentos por parte do governo. Seu principal propósito é manter um ambiente saudável de incentivo à leitura e disseminação de cultura.

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