Joel Sanches Abreu é morador do bairro Augusto de Abreu há 63 anos, ativista de proteção à água, ele cuida de uma mina d’água em sua propriedade e fornece pra quem precisa. Ele está preocupado com uma obra do Demsur em curso nas galerias do bairro, já que ela pode contaminar a mina.

“Esse problema é muito sério, quero deixar claro que não sou dono da mina, apenas tomo conta. Todos podem constatar a quantidade de pessoas que vem à procura de uma água boa. Quando acontecem enchentes na cidade e na região distribuímos água. Na seca que ocorreu em Ubá e Viçosa fizemos o mesmo procedimento. Quando a Barragem de Mariana rompeu, as igrejas de várias denominações se juntaram e conseguiram levar, daqui, mais de três mil galões de água para a população de Governador Valares, por isso a importância de preservar esta água.”

“Nunca tivemos a finalidade de enriquecer com isso, quem precisar pode pegar água à vontade. Pedimos sim, uma contribuição para a manutenção da mina, porque temos funcionários e cuidamos muito bem da limpeza da fonte, então, quem pode contribuir com R$1,50 para um galão de 20 litros, mas, quem não tem dinheiro, leva do mesmo jeito”, acrescenta.

Joel Abreu explica que o temor pela contaminação da mina acontece em função da possibilidade de alagamento na região em caso de chuvas fortes. “Temos aqui uma galeria que capta água do Distrito Industrial, Santa Helena, Posto, Vemasa, Loteamento Élder Abreu e do Planalto. É preciso ressaltar que quando chove tudo isso deságua aqui e já temos alagamentos, são diversas manilhas de um metro de diâmetro desembocando no mesmo lugar. Imaginem a captação feita por apenas uma manilha de um metro e meio de diâmetro? Se não der vazão, com certeza teremos enchente.”

Ele acrescenta que quando as obras começaram esteve no Demsur para conversar com os responsáveis. “Eu estive no Demsur, conversei com o engenheiro responsável, Diretor de Departamento de Águas e Esgoto da Autarquia, Gustavo Goretti, solicitei a colocação de duas manilhas de um metro e meio de diâmetro, mas ele me afirmou que o Demsur está descapitalizado, então estão colocando apenas uma.”
Joel Abreu explica que já tem um abaixo assinado dos moradores da região, pedindo a paralisação da obra e que já procurou o Ministério Público. “Gostaria que suspendessem a obra e refizessem o estudo. Ela precisa ser feita, mas da maneira correta. Eu tenho fotos das galerias cheias e com a manilha menor será enchente na certa. O poder público precisa ouvir a comunidade antes de começar a fazer seus projetos”, desabafa.

NOTA OFICIAL DO DEMSUR:
“A respeito da obra de drenagem pluvial no bairro Augusto de Abreu, o Demsur esclarece que o trabalho que está sendo realizado não tem nenhuma relação com os alagamentos que já ocorrem nas áreas próximas.
No local há um córrego que foi precariamente canalizado na década de 90, pelos proprietários do loteamento Augusto de Abreu. A galeria é antiga, com paredes de pedra e sem um leito de sustentação. Devido à precariedade dessa estrutura, atualmente, parte dela encontra-se em ruínas, sem qualquer possibilidade de recuperação, inclusive apresentando afundamento da via pública.
A obra que está sendo executada é tão somente para desviar o córrego canalizado no trecho onde houve colapso da estrutura. Aliás, é importante destacar que a galeria original possui seção quadrada de 1,20m, o que representa uma área interna de 1,44m². Neste local o Demsur está instalando tubos com 1,50m de diâmetro, que possui área interna igual a 1,77m², ou seja, aumentando a área para escoamento das águas neste trecho.
O Setor Técnico do Demsur se coloca inteiramente à disposição dos moradores e comerciantes da região para esclarecimentos adicionais que se fizerem necessários”.

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