Adriele Lessa, Cirurgiã-dentista do Hospital do Câncer de Muriaé

 

Um projeto realizado no Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Cristiano Varella (FCV), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), terá seu desdobramento na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.  

 

O objetivo do estudo, que faz parte da tese de doutorado em Estomatologia da cirurgiã-dentista do Hospital do Câncer de Muriaé, Adriele Lessa, é propor o avanço constante na prevenção e diminuição dos efeitos debilitantes em decorrência do tratamento em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. A pesquisadora embarca, no próximo dia 23 de julho, para os Estados Unidos, com o objetivo colher mais dados para sua tese, por meio de técnicas modernas e avançadas. 

 

A pesquisa, que leva ainda o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), sugere que as bactérias da boca agravam os efeitos colaterais do tratamento desse tipo de câncer e, assim, propõe medidas efetivas que ofereçam mais qualidade de vida aos pacientes durante e após o tratamento. Na universidade norte-americana, os rumos do trabalho de Adriele contarão com a técnica de biologia molecular chamada metagenômica, uma das mais modernas e eficientes do mundo.  

 

“Quando falamos em identificação de bactérias, o exame de cultura, que é muito utilizada nos hospitais do Brasil, apresenta limitações. Apesar de ser eficiente, não é capaz de identificar todas as bactérias, como é o caso da metagenômica, que faz a identificação baseada no DNA, entretanto possui um alto custo. Em Harvard, vou trabalhar em um laboratório que dispõe desta técnica”, afirmou a pesquisadora, que levará consigo amostras colhidas de seus pacientes do Hospital do Câncer de Muriaé, diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço. 

Segundo Adriele, esta é a concretização de um convite que recebeu há quatro anos. “Em 2018, quando apresentei minha dissertação de mestrado no Simpósio Internacional de Microbiologia, em São Paulo, fui abordada por um professor de Harvard, que se interessou pela minha pesquisa e me convidou para trabalhar em seu laboratório, caso continuasse na mesma linha de estudo no doutorado”, explicou a cirurgiã-dentista, cujo mestrado ganhou, inclusive, o prêmio de melhor dissertação de mestrado profissional em Microbiologia da UFMG. 

 

A profissional faz parte do corpo de cirurgiões-dentistas do Hospital do Câncer há 10 anos. “Costumo dizer que não faço pesquisa sozinha. Sempre conto com apoio e expertise de outras áreas e pessoas. Acredito que essa seja a chave do sucesso, porque todos contribuem e oferecem o que tem de melhor, incluindo os pacientes, já que a colaboração deles é essencial para o desenvolvimento da pesquisa e nos permite ajudar outras pessoas no futuro”, concluiu Adriele Lessa. 

 

O coordenador Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da FCV, Sérgio Gomes da Silva, frisou a importância deste projeto, fruto da parceria entre a Fundação, a UFMG e Harvard, para que novas descobertas, cada vez mais eficazes, para o tratamento do câncer de cabeça e pescoço possam surgir: “O trabalho da Adriele é uma grande conquista para a pesquisa brasileira e reforça o nosso compromisso com a saúde da população acometida pelo câncer. Afinal, este é o nosso objetivo: salvar vidas, promover a saúde e a qualidade de vida”. 

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